O fornecimento de energia eléctrica a partir da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), em Moçambique, foi classificado como um pilar essencial da segurança energética sul-africana no mais recente relatório da Eskom, referente ao período 2026-2030.
Segundo o portal Engineering News, o “Medium-Term System Adequacy Outlook”, divulgado a 30 de Outubro, avalia a capacidade da África do Sul para satisfazer a procura eléctrica projectada, sublinhando riscos crescentes caso falhe a sincronização entre o encerramento de centrais a carvão, a entrada em operação de novas centrais a gás e a conclusão de obras na rede de transmissão.
O acordo com a HCB, que garante o fornecimento de 1,15 GW até pelo menos Março de 2030, é considerado crucial para evitar cortes de energia, numa altura em que a Eskom se prepara para retirar 8,4 GW de capacidade a carvão entre 2029 e 2030. A cessação simultânea destas fontes representaria um défice de 9,5 GW de capacidade firme.
O relatório traça três cenários de crescimento da procura, com base no desempenho económico. No cenário moderado, a procura sobe de 243 TWh em 2024 para 264 TWh em 2030, a um ritmo de 1,4% ao ano, e depende directamente da continuidade do fornecimento moçambicano.
Do lado da oferta, a capacidade instalada sul-africana é dominada por carvão, complementada por solar, eólica, diesel, nuclear e baterias. A expansão das renováveis tem sido significativa, mas enfrenta limitações na rede de transmissão, sobretudo no Cabo Oriental, onde a subestação de Poseidon regista cortes superiores a 70% da energia solar injectada.
A entrada em funcionamento de 6 GW de centrais a gás de ciclo combinado em 2030 é vista como fundamental. O seu atraso elevaria a energia não servida para mais de 4 TWh, o equivalente a 80 dias de cortes de energia de Nível 4.
A Eskom alerta ainda para a necessidade de reforçar a rede, com projectos como as novas subestações de 400 kV em Kyalami e Bighorn, que só deverão estar operacionais após 2030. A instabilidade da frequência do sistema e o aumento de energia excedente, sobretudo solar, são outros desafios identificados.
O fornecimento pela HCB destaca-se, assim, como uma das poucas fontes externas estáveis e previsíveis. A sua manutenção é vista como estratégica, não apenas para suprir a procura sul-africana, mas também para amortecer os efeitos da transição energética e das fragilidades infra-estruturais no país vizinho.





























































