A Confederação das Associações Económicas (CTA) admitiu que as empresas afectadas pelas manifestações pós-eleitorais de 2024 estão a retomar “timidamente” as suas actividades, um ano depois dos protestos que paralisaram a economia, acrescentando que algumas seguem em reestruturação e outras foram abandonadas.
“Muitas das unidades empresariais que sofreram actos de vandalismo, saques e destruição conseguiram reerguer-se ou encontram-se em processo de retoma das suas actividades. Verificaram-se alguns casos de abandono definitivo, mas felizmente em número reduzido”, detalhou Onório Manuel, vice-presidente da CTA.
De acordo com o responsável, evidencia-se um esforço de recuperação por parte das empresas que ainda não regressaram plenamente, recordando que a economia recuou 5,68% no quarto trimestre de 2024 e 3,92% no primeiro trimestre deste ano. “Ainda não há números exactos, contudo, reconhecemos que os impactos foram profundos e a reestruturação vai levar algum tempo.”
“O retorno das actividades demonstra a resiliência da classe empresarial nacional face às múltiplas adversidades que enfrenta. Todavia, acredita-se que, fruto da restauração da estabilidade sociopolítica e das medidas adoptadas pelo Governo, o processo de recuperação ganhará novo impulso nos próximos tempos”, destacou.
Dados anteriores da CTA indicam que mais de 500 empresas foram vandalizadas e mais de 12 mil pessoas ficaram sem emprego. “Estamos a falar das maiores indústrias alimentares do País, que estão com equipamentos danificados e com as suas infra-estruturas totalmente destruídas. Vamos ter falta de produtos e, provavelmente, registar uma subida galopante de preços”, explicou.
“Se estivermos num cenário em que não há nenhuma medida, assim como estamos, com o tecido industrial delapidado, infra-estruturas delapidadas, desemprego e empresas sem capacidade de financiar a sua própria recuperação para repor a sua capacidade produtiva, não iremos muito além daquilo que conseguimos fazer no ano passado. Será muito abaixo disso”, afirmou na altura o antigo director-executivo da CTA, Eduardo Sengo.
O responsável explicou que o crescimento económico do País em 2025 está pendente de pacotes e medidas de apoio às empresas, de forma a permitir a recuperação dos seus equipamentos e infra-estruturas vandalizados durante as manifestações pós-eleitorais, garantir o ‘stock’ de mercadorias e assegurar os empregos.
“Se permanecer uma contínua redução da taxa de juro, o alívio das Reservas Obrigatórias e, acima de tudo, a disponibilização de divisas para importações, poderíamos projectar um crescimento um pouco mais robusto do que foi o de 2024, mas não poderemos atingir taxas acima de 5% (previsão para 2024)”, acrescentou Eduardo Sengo.
Moçambique viveu desde as eleições de Outubro de 2024 um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas por Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais que deram vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, partido no poder.
Segundo organizações não-governamentais que acompanham o processo eleitoral, cerca de 400 pessoas perderam a vida em resultado de confrontos com a polícia, conflitos que cessaram após encontros entre Mondlane e Chapo, em 23 de Março e em 20 de Maio, com vista à pacificação do País.





























































