A Presidente da Tanzânia, Samia Hassan, tomou posse para um novo mandato nesta segunda-feira (3), uma cerimónia rigorosamente controlada, marcada por forte presença militar e acesso limitado aos meios de comunicação social, agravando as preocupações quanto à transparência, à estabilidade da paz e à confiança dos investidores num dos países tradicionalmente estáveis da África Oriental, que agora enfrenta distúrbios pós-eleitorais.
A governante tomou posse para mais um mandato após uma eleição contestada, marcada por um corte generalizado do acesso à Internet, toques de recolher e relatos de violência, o mais recente exemplo de um padrão crescente em África, onde os dirigentes em funções mantêm o poder num contexto de acusações de manipulação eleitoral.
A reputação de estabilidade da Tanzânia enfrenta novas provas
A cerimónia de investidura, realizada no campo de parada das Forças de Defesa do Povo da Tanzânia, em Dar es Salaam, decorreu sem acesso ao público e contou apenas com a presença de altos responsáveis do Governo e das forças de segurança. Jornalistas independentes e dignitários estrangeiros foram impedidos de assistir, embora a Corporação de Radiodifusão da Tanzânia (TBC), controlada pelo Estado, tenha transmitido o evento em directo.
O anúncio da sua vitória coincidiu com um bloqueio nacional da Internet, toques de recolher generalizados e relatos de confrontos mortais entre manifestantes e as forças de segurança. Activistas do vizinho Quénia têm criticado, desde então, a Comunidade da África Oriental (EAC) por permanecer em silêncio perante as alegadas mortes de manifestantes na Tanzânia, este que tem sido, há muito, considerado um dos países mais estáveis da região, frequentemente elogiado pelas transições pacíficas de poder e pela gestão económica constante.
Contudo, os recentes distúrbios e as tensões políticas levantaram preocupações quanto à sua trajectória democrática e ao clima de investimento.
No Índice Global da Paz de 2025, a Tanzânia ocupa o nível de país mais pacífico da África Oriental, posicionando-se em 73.º lugar mundialmente entre 163 países. No entanto, observadores afirmam que esta reputação de longa data poderá ser posta à prova se as divisões políticas se aprofundarem.
Do ponto de vista económico, prevê-se que o Produto Interno Bruto (PIB) da Tanzânia cresça cerca de 6,4% em 2026, apoiado por um aumento de 11,6% no orçamento nacional, que deverá atingir aproximadamente 21,6 mil milhões de dólares. O PIB nominal do país é estimado em 87,44 mil milhões de dólares, enquanto o PIB em termos de Paridade do Poder de Compra (PPC) ultrapassa os 445 mil milhões de dólares.
O crescimento continua a ser impulsionado pela agricultura, pela indústria transformadora e pelo turismo, apoiado por grandes projectos de infra-estruturas e por reformas governamentais em curso destinadas a melhorar a produtividade e a estabilidade orçamental. De igual modo, o Índice de Liberdade Económica, amplamente utilizado por Governos, investidores e parceiros de desenvolvimento para avaliar a abertura, a competitividade e a eficácia das políticas, classifica a Tanzânia como uma economia moderadamente livre.
A Presidente Samia Suluhu Hassan, de 64 anos, que obteve oficialmente 98% dos votos, tornou-se a primeira mulher na história da Tanzânia a prestar juramento como chefe de Estado. Ascendeu inicialmente ao poder em 2021, após a morte do antigo Presidente John Magufuli, concluindo o seu mandato antes de se recandidatar
Ao alinhar as suas reformas com as normas internacionais, o Governo tanzaniano espera reforçar a confiança dos investidores e alargar as oportunidades nos mercados regionais e globais. Contudo, os actuais distúrbios pós-eleitorais poderão comprometer esta trajectória, uma vez que ameaçam a economia e o investimento da Tanzânia, enquanto o partido da oposição, Chadema, afirma que mais de 700 pessoas foram mortas na violência que se seguiu às eleições.
Uma fonte diplomática em Dar es Salaam declarou aos jornalistas haver provas credíveis de pelo menos 500 mortes, enquanto o Gabinete das Nações Unidas para os Direitos Humanos confirmou dez vítimas mortais em três cidades, alertando para a possibilidade de o número real ser muito superior.
Embora o Governo tenha negado as acusações, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Mahmoud Kombo Thabit, descreveu os distúrbios como alguns incidentes isolados, defendendo o bloqueio da Internet e os toques de recolher como medidas destinadas a salvar vidas e impedir a difusão de informações falsas.
Um equilíbrio delicado para o novo mandato
Ao iniciar o seu novo mandato, Hassan enfrenta o duplo desafio de restaurar a confiança pública e, ao mesmo tempo, salvaguardar o prestígio da Tanzânia como destino de investimento preferencial na África Oriental. Com uma trajectória de crescimento promissora e fortes credenciais em matéria de paz, o futuro do país dependerá da capacidade da sua liderança em gerir o delicado equilíbrio entre estabilidade política, reforma institucional e inclusão económica.
A Presidente Samia Suluhu Hassan, de 64 anos, que obteve oficialmente 98% dos votos, tornou-se a primeira mulher na história da Tanzânia a prestar juramento como chefe de Estado. Ascendeu inicialmente ao poder em 2021, após a morte do antigo Presidente John Magufuli, concluindo o seu mandato antes de se recandidatar.
Contudo, a sua vitória foi manchada por relatos de violações dos direitos humanos e distúrbios em várias cidades.
Fonte: Business Insider Africa
































































