A Bolsa de Valores do Maláui (MSE) contrariou as dificuldades económicas globais para se tornar a bolsa com melhor desempenho de África em 2025, registando ganhos extraordinários que despertaram a atenção dos investidores dos mercados de fronteira em todo o mundo.
De acordo com os mais recentes dados trimestrais, o Índice Geral do Maláui (MASI) disparou mais de 75% apenas no terceiro trimestre, atingindo 579 213 pontos contra 329 922, enquanto os ganhos acumulados desde o início do ano ultrapassam agora os 230%, um recorde sem paralelo no continente.
A capitalização bolsista subiu de 17,9 biliões de kwachas (10,2 mil milhões de dólares) para 31,1 biliões de kwachas do Maláui (17,8 mil milhões de dólares), elevando a relação entre capitalização de mercado e Produto Interno Bruto (PIB) a um nível excepcional de 127%, colocando o Maláui num grupo restrito a nível mundial.
Lucros empresariais robustos em contexto económico difícil
A valorização é alimentada por resultados empresariais sólidos, pelo desempenho resistente do sector financeiro e pela crescente participação de investidores institucionais. Os bancos e as empresas de telecomunicações cotadas beneficiaram do crescimento sustentado do crédito, de margens elevadas nas taxas de juro e da expansão dos serviços digitais.
Paradoxalmente, esta força do mercado financeiro contrasta com um pano de fundo macroeconómico desafiante. A inflação mantém-se elevada e persistem as restrições cambiais; contudo, os investidores nacionais têm procurado as acções como forma de proteger o seu capital contra a desvalorização da moeda. O resultado foi uma fuga para o mercado bolsista, que proporcionou ganhos nominais excepcionais e revalorizou as avaliações em todos os sectores.
Avaliações e dúvidas sobre sustentabilidade
Em Setembro de 2025, o rácio médio ponderado preço/lucro do mercado situava-se em 42,6 vezes e o rácio preço/valor contabilístico em 14,1 vezes, muito acima das médias regionais. Os analistas advertem que tais níveis são difíceis de sustentar sem uma expansão estrutural da capacidade de gerar lucros. Ainda assim, a valorização destacou a crescente sofisticação da MSE, um mercado outrora de nicho que agora influencia as estratégias de alocação de activos nos mercados de fronteira.
Um exemplo para os mercados de fronteira
Para as bolsas africanas de menor dimensão, o desempenho do Maláui evidencia como uma regulação consistente, normas de divulgação fiáveis e uma participação interna cada vez mais profunda podem transformar a percepção do mercado. A bolsa tem vindo a melhorar de forma constante os seus sistemas digitais de negociação e a transparência, atraindo fundos de pensões e investidores da diáspora.
Para além dos ganhos imediatos, a história do mercado do Maláui é também de credibilidade institucional. O sucesso da MSE pode encorajar outros reguladores africanos a promover um maior acesso ao mercado e a inovação nos mercados de capitais nacionais.
Se a valorização do Maláui se manterá ou não dependerá da capacidade do país para estabilizar a inflação, aprofundar a liquidez e manter a confiança dos investidores. Mas, por agora, a bolsa de Lilongwe oferece um lembrete oportuno: mesmo num ambiente económico frágil, uma reforma disciplinada do mercado de capitais pode criar um espaço de prosperidade e redefinir a fronteira do investimento em África.
Fonte: Further Africa
































































