Um comboio de mercadorias descarrilou, na madrugada de domingo (2), no distrito de Dondo, província de Sofala, na sequência de um acto de vandalismo na linha férrea. O incidente, classificado como sabotagem pelos Caminhos-de-Ferro de Moçambique (CFM), causou ferimentos a um dos maquinistas e provocou danos materiais avaliados em 448 milhões de meticais (7 milhões de dólares), segundo informou a Lusa.
De acordo com uma fonte da empresa ferroviária, o descarrilamento foi provocado por um corte deliberado no carril da linha principal, feito por indivíduos ainda por identificar. “Foi um acto de sabotagem. Houve um corte de carril da linha principal, feito por pessoas desconhecidas”, declarou a fonte, sublinhando que a acção criminosa afectou duas locomotivas e oito vagões.
Equipas técnicas dos CFM encontram-se no terreno a realizar trabalhos de remoção do material circulante e reposição da linha, sendo que a retoma da circulação está prevista para as próximas 24 horas. “Neste momento está a fazer-se a reposição da linha. Primeiro a retirada do material circulante descarrilado, que são as locomotivas e vagões, e depois vai iniciar-se a reposição da linha. Estimamos cerca de 24 horas, mais ou menos, para a repormos”, precisou a mesma fonte.
Este não é um caso isolado. A empresa revelou recentemente que a rede ferroviária da zona sul registou, só este ano, prejuízos de cerca de 128 milhões de meticais (2 milhões de dólares) devido ao roubo e vandalização de infra-estruturas. Em Setembro, durante o Fórum de Prevenção e Combate à Vandalização de Infra-estruturas Públicas, Arnaldo Manjate, director de operações ferroviárias dos CFM-Sul, denunciou a retirada de equipamentos e a destruição de aparelhos de mudança de via, acções que custaram à empresa perto de 5 milhões de meticais (78 mil dólares).
De acordo com o responsável, a venda dos materiais roubados — como carris e travessas metálicas — a sucateiros tem alimentado este tipo de criminalidade. “Estamos a olhar só para o material retirado, mas o valor que acabámos por gastar devido às paralisações de comboios, por conta também dos descarrilamentos causados por esta situação, pode chegar a cerca de 2 milhões de dólares (128 milhões de meticais)”, alertou Manjate.
A rede ferroviária moçambicana, gerida pelos CFM, está dividida em três regiões — Sul, Centro e Norte —, não interligadas entre si, mas com ligações estratégicas a países vizinhos como a África do Sul, o Essuatíni e o Zimbabué.
Em 2024, foram transportados 6 815 251 passageiros nas zonas Centro e Sul, número que superou em quase meio milhão as previsões da empresa, representando um crescimento de 3% face a 2023.
Para responder à crescente procura, o Governo moçambicano anunciou em Abril um plano de investimento de cerca de 13 mil milhões de meticais (203 milhões de dólares) até 2030. O financiamento destina-se à duplicação de linhas, conclusão de troços estratégicos — como os últimos 25 quilómetros da linha de Ressano Garcia, em Maputo —, bem como à aquisição de mais de 30 carruagens, 250 vagões e pelo menos 15 locomotivas de linha, reforçando assim a capacidade nacional de transporte de passageiros e mercadorias.































































