A multinacional ExxonMobil encontra-se em processo de avaliação para levantar a cláusula de “força maior” que mantém suspenso o megaprojecto Rovuma LNG, na Área 4 da bacia do Rovuma, norte de Moçambique, após sinais de melhoria nas condições de segurança. A informação foi avançada pelo presidente executivo da companhia, Darren Woods, durante uma conferência com investidores realizada em Houston, nos Estados Unidos da América, segundo informou o portal Market Screener.
“A Total [TotalEnergies] acaba de levantar a sua ‘força maior’ e nós estamos a avaliar e já no processo de fazer o mesmo”, afirmou Woods, referindo-se ao projecto Mozambique LNG, da Área 1, que partilha infra-estruturas com o Rovuma LNG.
Apesar dos progressos, a ExxonMobil optou por cancelar, no último momento, uma cerimónia oficial em Spring, Texas, onde era esperada a reafirmação pública do seu compromisso com Moçambique, num evento que contaria com a presença do Presidente da República, Daniel Chapo.
A decisão foi tomada à luz de relatos recentes de ataques armados nas imediações do projecto, na província de Cabo Delgado. De acordo com o Financial Times, a deterioração do contexto de segurança terá sido determinante para o cancelamento da apresentação. “O cenário de segurança agravou-se bastante”, comentou Andrew Bogrand, conselheiro sénior da Oxfam, apontando para incidentes nas vias de acesso à zona do projecto.
Dados do ACLED indicam que pelo menos 22 pessoas perderam a vida em incidentes violentos só na semana terminada a 26 de Outubro, enquanto o ACNUR estima em cerca de 100 mil o número de deslocados forçados pelas acções de grupos armados. A retirada das forças da SADC e do contingente militar ruandês, devido a constrangimentos financeiros, enfraqueceu a presença de segurança activa no terreno.
O projecto Rovuma LNG, avaliado em 30 mil milhões de dólares (1,91 bilião de meticais), é liderado pela ExxonMobil, com a italiana Eni a comandar a componente flutuante (Coral Norte e Coral Sul). A decisão final de investimento é aguardada para o início de 2026, sendo que a exportação do primeiro carregamento de gás está prevista para 2030.
Em paralelo, a ExxonMobil reforçou a sua presença no País através de um investimento de 40 milhões de dólares (2,5 mil milhões de meticais) na construção de um centro tecnológico no Zimpeto, Maputo, destinado à formação de jovens engenheiros moçambicanos no sector de petróleo e gás. A iniciativa inscreve-se nos compromissos de conteúdo local e antecipa o futuro arranque operacional do Rovuma LNG.
Apesar da suspensão temporária, o Governo moçambicano reafirma a centralidade do projecto na sua estratégia energética e económica, mantendo-se empenhado na criação de condições que viabilizem o regresso pleno das actividades.































































