Um adulto toma, em média, entre 33 mil e 35 mil decisões por dia, segundo um estudo conduzido por investigadores de universidades americanas.
Muitas dessas escolhas acontecem no modo automático, com base em informações já armazenadas sobre como agir. No entanto, chega um ponto em que este processo deixa de ser eficiente: o cérebro, sobrecarregado e incapaz de lidar com tantas decisões individuais, entra em pane, interrompendo a tomada de decisão.
Após dias consecutivos de trabalho e centenas de milhares de decisões tomadas, o cérebro tende a fazer escolhas diferentes daquelas que faria se estivesse descansado. Este fenómeno é chamado de “fadiga de decisão”: quando o cérebro está esgotado e privado de energia mental.
A fadiga decisória compromete a clareza mental e explica porque muitos profissionais têm pouca energia restante para actividades fora do escritório após um longo dia de trabalho. Depois de horas de trabalho ininterrupto, o cérebro pode sofrer uma sobrecarga cognitiva. Quanto mais tempo trabalha e mais decisões toma nesse período prolongado, mais difícil se torna para a mente sobrecarregada tomar decisões acertadas.
Escolhas simples, como decidir o prato que vai pedir no restaurante, não exigem tanto esforço cognitivo quanto decisões mais impactantes, como manter ou despedir um funcionário. Quanto mais escolhas fazem parte do seu dia, mais difícil fica decidir até mesmo sobre coisas simples, como o que vestir, onde comer, quanto gastar ou como priorizar projectos no trabalho. O cansaço mental pode levar a atalhos perigosos, como não rever um e-mail importante, evitar participar em decisões em equipa, ser ríspido com colegas, optar por “fast food” em vez de refeições saudáveis ou abandonar a prática de exercícios físicos.
Sinais da fadiga de decisão
A fadiga decisória geralmente aparece de forma subtil e fácil de ignorar. Veja como reconhecê-la antes que afecte o seu desempenho e a sua saúde mental:
Como identificar em si próprio
- Adia decisões simples ou delega tudo, sem distinguir o que é importante do que não é;
- Sente-se mentalmente exausto antes do meio-dia, mesmo sem esforço físico;
- Evita conversas difíceis ou responde apenas “sim” ou “não” para se livrar rapidamente da decisão.
Como identificar na sua equipa
- Membros da equipa pedem opinião sobre decisões que normalmente tomariam sozinhos;
- Projectos travam, não pela complexidade, mas porque ninguém quer tomar a decisão final;
- Aumento de erros, esquecimento de detalhes e maior resistência a mudanças.
Estratégias para evitar a fadiga de decisão
Victoria Grinman, psicoterapeuta e fundadora da Growing Kind Minds LLC, empresa de soluções de gestão emocional para organizações, destaca a importância de criar e manter rotinas intencionais.
Decida apenas uma vez
Empresários como Steve Jobs, Mark Zuckerberg e Jeff Bezos usavam roupas iguais todos os dias para preservar a energia mental. “Os líderes desperdiçam frequentemente energia refazendo as mesmas decisões”, afirma Grinman. “Crie micro-estruturas para tarefas recorrentes, como o que vestir, quando verificar e-mails ou como começar reuniões. Decidir uma vez e manter o padrão conserva energia mental para o que realmente precisa de atenção.”
Proteja os primeiros 90 minutos do dia
“Este período concentra o maior potencial cognitivo”, explica. “Use-o para planear e tomar decisões estratégicas. Evite tarefas reactivas logo cedo para definir o tom do restante do dia.”
Delegue decisões
Quanto menos escolhas precisar de fazer, mais energia cognitiva conseguirá preservar ao longo do dia. Encontre alguém de confiança, reduza o controlo e delegue parte das suas decisões a essa pessoa.
Tome as decisões mais difíceis primeiro
Se o dia promete decisões complexas, enfrente-as nas primeiras horas, quando estiver mais descansado. Classifique as decisões do dia da mais à menos importante e deixe as menos relevantes para o final.
Fonte: Forbes Brasil































































