O sector avícola em Moçambique registou uma queda de 10% em 2024, fixando-se nas 135 mil toneladas, devido à conjuntura difícil provocada pelos protestos pós-eleitorais. O Governo prevê, contudo, uma retoma gradual do sector, através do reforço da produção de rações, com vista a alcançar a auto-suficiência alimentar nos próximos anos.
“Devido à situação do ano passado, verificou-se uma redução da produção, mas acreditamos que este cenário será ultrapassado em muito pouco tempo”, afirmou o director Nacional da Pecuária, Rafael Escrivão. O responsável referia-se aos protestos que se seguiram às eleições gerais de 9 de Outubro de 2024, marcados por paralisações, vandalizações e saques que afectaram várias empresas.
As declarações foram proferidas em Maputo, à margem do primeiro Laboratório Nacional de Acção para a Avicultura, realizado esta segunda e terça-feira, dias 27 e 28 de Outubro, reunindo especialistas e dirigentes com o objectivo de promover o alinhamento em torno de uma ‘visão ambiciosa’ para o desenvolvimento do sector avícola moçambicano.
“Chamamos a este evento Laboratório de Avicultura, não porque esteja ligado a infra-estruturas ou equipamentos laboratoriais, mas porque trata da nossa capacidade de produzir os insumos que utilizamos. Isto é o que faz parte do nosso laboratório”, explicou Rafael Escrivão, sublinhando a importância de fortalecer a produção local.
O director Nacional da Pecuária destacou ainda como prioridade o aumento da produção de ração em larga escala e a melhoria das condições de trabalho na indústria avícola, que fornece principalmente carne e ovos de frango, além de aves como perus, patos, gansos, codorniz e avestruzes.
“As quantidades necessárias para a produção de rações são muito elevadas e, como sabemos, parte dos ingredientes usados, sobretudo o milho, também é destinada à alimentação humana”, explicou Rafael Escrivão, acrescentando que a meta é atingir 120 toneladas de rações nos próximos cinco anos.
Por seu turno, o ministro da Agricultura, Ambiente e Pescas, Roberto Albino, considerou a avicultura “um pilar fundamental” para o desenvolvimento do sector agrícola e para o reforço da cesta básica dos moçambicanos. “A nossa missão não é apenas essa, mas também garantir que 100% das matérias-primas utilizadas por esta indústria sejam produzidas em Moçambique”, frisou o governante.
Roberto Albino sublinhou ainda que a indústria avícola gera emprego, sobretudo para mulheres e jovens, e contribui para o crescimento económico nacional. O ministro destacou o potencial transformador do sector, capaz de criar oportunidades para a juventude “sedenta” de negócios, mas advertiu que “ainda existem desafios enormes, pois grande parte da produção avícola é feita de forma informal.”
Fonte: Lusa































































