O governador da província de Nampula, Eduardo Abdula, instou esta quarta-feira (15) as Forças Armadas de Defesa e Segurança a investigarem os rumores que apontam para o recrutamento de jovens no distrito de Memba por grupos armados com ligações ao terrorismo. A região, situada a sul da província de Cabo Delgado, tem sido apontada como possível ponto estratégico de alistamento para as fileiras rebeldes que actuam no norte do País.
“É um assunto das forças de defesa e segurança, eles vão trabalhar e investigar. Vamos aguardar que nos deem provas”, declarou o governador, durante uma deslocação ao distrito de Memba, recentemente alvo de ataques atribuídos a grupos insurgentes, segundo informou a Lusa.
De acordo com os relatos locais, a crescente movimentação de elementos suspeitos e o desaparecimento de jovens têm alimentado receios de que o distrito esteja a ser utilizado como corredor de recrutamento, dada a sua proximidade com a zona de conflito em Cabo Delgado. Eduardo Abdula sublinhou que a prioridade é verificar a veracidade das informações, garantindo que, caso se confirmem, as autoridades deverão agir para travar o fenómeno. “É por isso que estamos aqui e vamos trabalhar nesses três dias”, frisou.
“Apesar de parte da população estar a regressar às zonas de origem, muitos continuam a evitar dormir nas suas casas por receio de novas investidas”
Desde finais de Setembro, pelo menos 51 casas, uma igreja e uma escola primária foram destruídas em Memba, no seguimento de ataques cuja autoria é atribuída a grupos armados. O balanço foi feito, na quinta-feira, pelo administrador do distrito, Manuel Cintura, que acrescentou que, apesar de parte da população estar a regressar às zonas de origem, muitos continuam a evitar dormir nas suas casas por receio de novas investidas. Até ao momento, não há registo de vítimas mortais nos ataques ocorridos em Nampula.
Na mesma data, a União Europeia alertou para um possível alastramento da violência que há anos assola Cabo Delgado, assinalando que os ataques em Nampula representam a primeira extensão do conflito em vários meses e evidenciam a capacidade dos grupos para operar em múltiplas frentes.
De acordo com dados recentes da Organização Internacional para as Migrações, cerca de 40 000 pessoas foram forçadas a abandonar os seus lares em seis distritos de Cabo Delgado e também na província vizinha de Nampula, devido ao recrudescimento da violência.
O Presidente da República, Daniel Chapo, condenou no passado dia 6 de Outubro os ataques em Cabo Delgado, classificando-os como “actos bárbaros” e contrários à “dignidade humana”. A província, rica em gás natural, tem sido palco de acções terroristas desde Outubro de 2017, com o primeiro ataque registado em Mocímboa da Praia.
O Projecto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED) contabiliza um total de 6257 mortos desde o início da insurgência em Cabo Delgado, alertando para o agravamento da instabilidade no norte de Moçambique.






























































