As autoridades moçambicanas estão a investigar a autenticidade de um vídeo que circula nas redes sociais, onde se observa um grupo de indivíduos armados, com o rosto coberto e trajando fardamento militar, a invadir uma mesquita na vila de Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado. O incidente terá ocorrido na noite de 7 de Outubro, por volta das 19h00, no bairro de Kumilamba, nas imediações do porto local.
“Também recebemos o vídeo”, confirmou o porta-voz do Conselho de Ministros, Inocêncio Impissa, em conferência de imprensa, referindo que o conteúdo está a ser alvo de peritagem. “Neste momento, decorre um trabalho técnico para compreender onde foi gravado, com quem, e ver se é possível identificar os autores. Contamos com a colaboração das comunidades locais”, acrescentou.
De acordo com a Lusa, o vídeo, que se tornou viral nos últimos dias, mostra o grupo armado dentro do espaço de oração, interrompendo um momento de culto islâmico. Testemunhas locais relataram que os indivíduos terão obrigado os fiéis a continuar a oração, proclamando mensagens de natureza extremista.
“Estávamos na última oração [Salat] quando um grupo de cerca de nove homens desconhecidos apareceu, mandando que orássemos pelo Islão como salvação”, afirmou uma fonte local à imprensa, sob anonimato. Os presentes permaneceram dentro da mesquita durante cerca de 30 minutos, por receio de represálias, até à retirada do grupo.

Não há registo de vítimas mortais neste episódio, mas o clima de pânico reforçou a tendência de abandono da vila por parte da população, numa altura em que se têm multiplicado os relatos de ataques armados em vários distritos da província.
Cabo Delgado vive há oito anos sob a ameaça do terrorismo, com o primeiro ataque reivindicado por insurgentes islâmicos a ocorrer a 5 de Outubro de 2017, precisamente no distrito de Mocímboa da Praia. Desde então, a instabilidade tem-se alastrado, afectando negativamente a segurança, a economia local e a coesão social.
Num balanço recente, o Armed Conflict Location & Event Data Project (ACLED) indica que, desde o início do conflito, foram registados mais de 2200 episódios de violência armada e 6257 mortes, das quais 2631 seriam civis. Em Setembro, o grupo extremista Estado Islâmico de Moçambique (ISM) terá operado em 11 distritos da província, incluindo incursões na vizinha província de Nampula, segundo declarações do investigador da organização Peter Bofin.
Dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM) apontam para cerca de 40 mil deslocados entre 22 de Setembro e 6 de Outubro, oriundos dos distritos de Balama, Montepuez, Chiúre e Mocímboa da Praia, além de Memba, na província de Nampula. Estes movimentos forçados de população são resultado directo da intensificação dos ataques armados.
O Presidente da República, Daniel Chapo, condenou os actos terroristas como “bárbaros e contrários à dignidade humana”, sublinhando que o Governo está a intensificar os esforços para garantir segurança às populações e restaurar a normalidade nas zonas afectadas.































































