O Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME), em parceria com o Governo da Coreia do Sul, revelou que apenas cerca de 4 mil veículos utilizam gás natural veicular (GNV) em Moçambique, num total de 1,3 milhão de viaturas registadas. A informação foi avançada por António Manda, secretário permanente do MIREME, durante a apresentação do Relatório Final do Estudo de Viabilidade do Projecto “Massificação do Uso de Gás Natural Veicular em Moçambique”, realizada esta segunda-feira (13).
De acordo com o governante, o objectivo do projecto é promover o uso do gás natural como alternativa mais limpa e económica aos combustíveis fósseis convencionais. António Manda sublinhou que “o ideal seria que todos nós usássemos o gás”, destacando as vantagens ambientais e financeiras deste combustível, cujo custo é aproximadamente 50% inferior ao do gasóleo ou da gasolina.
A Coreia do Sul tem sido um parceiro estratégico de Moçambique neste processo, fornecendo apoio tecnológico e financeiro para a implementação do programa. Técnicos moçambicanos já visitaram centros de formação e produção de equipamentos naquele país asiático, considerado pioneiro na utilização do GNV. O modelo coreano, desenvolvido através do Programa de Partilha de Conhecimento (KSP), serve agora de referência para o plano nacional moçambicano.
O exemplo da Coreia do Sul demonstra o impacto positivo da substituição gradual de veículos movidos a gasóleo por automóveis e autocarros alimentados a gás natural. Até 2016, cerca de 78% da frota de autocarros urbanos coreanos utilizava GNV, com uma taxa de penetração de 98% nas principais cidades. Este modelo inspirou Moçambique a seguir um caminho semelhante, ajustado à sua realidade económica e infra-estrutural.
Em Abril deste ano, teve lugar em Maputo a cerimónia oficial de lançamento do Projecto de Massificação do Uso do Gás Natural Veicular. O evento reforçou o compromisso do Governo em adoptar políticas que assegurem um melhor aproveitamento deste recurso nacional, de acordo com a Lei do Petróleo, que determina que 25% do gás produzido no País deve ser destinado ao consumo interno.
Apesar das vantagens do gás natural, Moçambique enfrenta desafios, sobretudo no que diz respeito à falta de infra-estruturas de abastecimento. Actualmente, os postos de GNV estão concentrados em Maputo, o que dificulta a adesão de automobilistas de outras regiões. O Governo está a expandir gradualmente a rede para as províncias de Inhambane e Gaza, mas o acesso ao combustível no centro e norte do País continua limitado.
Segundo António Manda, o uso do gás natural pode contribuir para reduzir a saída de divisas, uma vez que se trata de um recurso nacional. Contudo, o responsável reconheceu que o projecto requer investimentos significativos e políticas de incentivo, nomeadamente na redução das taxas sobre a importação de equipamentos de conversão e abastecimento. “Tudo o que é massificação precisa de algum incentivo fiscal”, afirmou, recordando o sucesso das isenções aplicadas na electrificação rural.
A execução do projecto conta com a participação de vários parceiros, incluindo a Sasol e a Petromoc. Esta última será o principal operador na construção de postos de abastecimento, com financiamento assegurado através dos fundos de infra-estruturas. O MIREME acredita que, com o apoio da Coreia do Sul e de outros parceiros estratégicos, Moçambique poderá avançar para um modelo energético mais sustentável, acessível e amigo do ambiente.
Texto: Florença Nhabinde































































