O recente rapto de um empresário português, ocorrido na baixa de Maputo, foi qualificado por diversas entidades do sector privado como um golpe grave à já frágil confiança dos investidores em Moçambique. Trata-se do sexto sequestro registado este ano no País, reacendendo preocupações em torno da segurança e do ambiente de negócios.
Segundo a Lusa, a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), num comunicado divulgado esta terça-feira, lamenta o sucedido e alerta para o impacto directo destes actos na recuperação económica nacional.
“Este novo rapto constitui um grande golpe aos esforços de recuperação económica a que investidores e empresários de diversa origem vêm envidando para tirar o país do marasmo económico”, lê-se na nota da CTA, que sublinha o efeito dissuasor junto do capital estrangeiro.
O empresário, de nacionalidade portuguesa e também moçambicana, foi raptado na manhã de terça-feira em frente ao seu estabelecimento comercial, na baixa da capital, por quatro indivíduos ainda não identificados, que se faziam transportar numa viatura branca sem matrícula. Este é o primeiro caso do género tornado público desde Junho último.
A confederação refere que este episódio “vem agudizar os receios dos investidores”, acentuando que a insegurança, o terror e a instabilidade são factores que comprometem a construção de um ambiente de negócios saudável e competitivo.
A CTA adverte ainda que o crime ocorre numa altura crítica, em que decorrem diálogos entre o sector público e o privado para a identificação das principais barreiras ao investimento, e quando se prepara a realização da Conferência Anual do Sector Privado de 2025, tida como estratégica para atrair novos investidores internacionais.
O organismo empresarial apela às autoridades competentes, em particular as Forças de Defesa e Segurança, a empregarem todos os recursos disponíveis, incluindo mecanismos de inteligência, para o rápido esclarecimento do caso e o retorno seguro da vítima. Defende também o desmantelamento completo das redes criminosas envolvidas em raptos, como condição fundamental para restabelecer a confiança no ambiente empresarial moçambicano.

“A CTA insta o Governo de Moçambique a implementar medidas imediatas, no quadro das suas atribuições, para estancar definitivamente o clima de medo, de terror e a insegurança que caracterizam o ambiente em que vive a nossa classe empresarial, incluindo o alastramento de actos de terrorismo que afecta a província de Cabo Delgado”, destaca o comunicado.
O Governo, por sua vez, confirmou ter sido informado do sequestro e afirmou aguardar a actuação das forças de segurança, assegurando haver progressos na contenção deste tipo de crime. A Embaixada da Ordem Soberana Militar de Malta em Moçambique confirmou, por meio de nota verbal dirigida às missões diplomáticas e organizações internacionais, que a vítima é casada com a encarregada de Negócios daquela representação diplomática.
A Polícia da República de Moçambique revelou, na terça-feira (7), ter destacado equipas multissectoriais para localizar o empresário em Maputo e arredores. Este é o primeiro caso de sequestro conhecido desde 21 de Junho, quando um cidadão de origem libanesa foi raptado no interior da sua farmácia, também no centro da capital. Já em Fevereiro, um cidadão luso-moçambicano fora igualmente sequestrado por quatro indivíduos armados na zona da Polana Caniço.
Em Junho, as autoridades haviam anunciado uma redução para metade no número de raptos na capital durante os primeiros cinco meses do ano, registando-se quatro casos contra oito no período homólogo de 2024. Ainda assim, dados do Ministério do Interior indicam que, desde 2011 até Março de 2024, foram registados 185 raptos, com pelo menos 288 detidos por suspeitas de envolvimento neste tipo de crime.


































































