O presidente sul-africano Cyril Ramaphosa declarou uma “emergência económica” quando o Congresso Nacional Africano (ANC) revelou um plano abrangente de dez pontos para reanimar a economia oscilante do país, mesmo com as tensões laborais na empresa pública de electricidade Eskom, e os crescentes problemas financeiros dentro do ANC a ameaçarem aprofundar a instabilidade.
Ao discursar no lançamento da iniciativa, Ramaphosa anunciou a criação de uma “Sala de Guerra Económica” dentro da Presidência. Esta task force coordenará o desempenho do Governo e acompanhará o progresso na criação de empregos, eficiência estatal e crescimento industrial.
“Estamos a tratar isto como uma emergência porque é mesmo uma emergência. A Sala de Guerra Económica garantirá que os departamentos governamentais sejam responsabilizados, que os resultados sejam acompanhados e que os sul-africanos vejam o impacto das nossas acções”, afirmou Ramaphosa.
O anúncio surge num momento em que a África do Sul enfrenta um desemprego persistente, um crescimento económico lento e desafios contínuos no sector da energia.
O rand foi negociado de forma relativamente estável na terça-feira (7), a cerca de 17,21 rands por dólar, apoiado por um aumento nas reservas estrangeiras para 67,9 mil milhões de dólares, acima dos 65,9 mil milhões de dólares em Agosto, um pouco acima das expectativas dos analistas.
Aumentam as tensões salariais na Eskom
Num desenvolvimento paralelo, a empresa estatal de energia está a preparar-se para negociações salariais acaloradas.
O maior sindicato da empresa exige um aumento de 15%, mais de quatro vezes a taxa de inflação, após a estabilização parcial da rede nacional, depois de anos de apagões contínuos.
A porta-voz da Eskom, Daphne Mokwena, recusou-se a discutir exigências salariais específicas, afirmando que as negociações ainda não tinham começado formalmente.
Analistas alertam que o impasse pode reacender as tensões no sector, potencialmente perturbando a frágil recuperação energética que trouxe alívio às empresas e famílias.
Os problemas financeiros do ANC agravam-se
Para agravar a crescente lista de crises do país, o próprio ANC enfrenta uma potencial batalha de insolvência.
Relatórios indicam que as contas bancárias do partido foram penhoradas para saldar dívidas no valor de 4,5 milhões de dólares, o que ameaça o acesso a mais de 55 milhões de dólares em financiamento estatal e privado antes das cruciais eleições locais do próximo ano.
Membros do partido temem que o impacto financeiro possa enfraquecer a capacidade de campanha do ANC e aprofundar as divisões internas.
Obstáculos legais e financeiros
Entretanto, o grupo de pressão AfriForum – organização não governamental sul-africana criada em 2006, que se concentra principalmente na defesa dos interesses e direitos dos afrikaners – obteve com sucesso uma ordem judicial temporária que suspende o acordo de 2,8 mil milhões de dólares da Eskom com a Autoridade Reguladora Nacional de Energia da África do Sul (Nersa), considerando o acordo “ilegal e sem transparência”.
A decisão foi saudada como uma vitória para a responsabilidade pública, mas pode complicar os esforços de reestruturação financeira da empresa.
Separadamente, o Fundo de Pensões dos Funcionários Públicos (GEPF) anunciou um congelamento temporário dos novos pedidos de levantamento de dois fundos de 7 a 21 de Outubro para uma actualização do sistema, embora os pagamentos regulares de benefícios continuem.
Apesar destes desafios internos, a relativa estabilidade do rand ressalta a resiliência dos investidores face à volatilidade global, um sinal de que, por enquanto, os mercados ainda estão a dar à África do Sul o benefício da dúvida.

































































