Representantes do sector empresarial, académico e financeiro reuniram-se em Maputo esta quarta-feira (8) para a apresentação da nova fase do Programa de Incubação do Mercado de Capitais, uma iniciativa promovida pela consultora Finantia, em conjunto com a Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), CTA e Universidade Pedagógica.
O encontro marcou o início da fase de aceleração do programa, que pretende preparar empresas nacionais para captar financiamento através da Bolsa, diversificando as suas fontes de capital e reduzindo a dependência da banca tradicional.
“Queremos a emergência de novos operadores de Bolsa. Estas informações permitem que as pessoas despertem e olhem para o mercado de capitais como uma oportunidade de negócio”, afirmou Alcino Michaque, administrador-executivo da BVM, em nome da administração da Bolsa.
O responsável destacou o lançamento do terceiro mercado como passo decisivo para acolher empresas que, embora ainda em fase de maturidade, já demonstram potencial para evoluir para os mercados principais.
A primeira edição do Programa de Incubação do Mercado de Capitais arrancou esta semana e prevê apoiar até dez empresas na estruturação e concretização de operações financeiras, como a emissão de dívida ou acções e listagem na Bolsa.
Segundo os organizadores, o objectivo é “mitigar o fosso entre projectos empresariais e acesso ao financiamento complementando a banca comercial num contexto em que o crédito caro e a iliteracia financeira dificultam o acesso a financiamento que sustente a expansão das empresas.”
Egas Daniel, vice-presidente financeiro e de política monetária da CTA, considerou a iniciativa “uma das que mais vão fortalecer o ecossistema empresarial moçambicano.” Para o dirigente, a dinamização do mercado de capitais “reduz a dependência do crédito bancário e cria oportunidades de crescimento para micro, pequenas e médias empresas.”
O programa divide-se em duas fases. A primeira, de formação, decorreu entre Junho e Julho de 2025, envolvendo 33 participantes de mais de 20 instituições. Foram abordados temas como estrutura de capital, instrumentos de mercado, vantagens comparativas da Bolsa e estratégias de financiamento. Mais de 40% dos formandos eram representantes de empresas, enquanto os restantes incluíam associações empresariais, bancos, investidores institucionais e consultores financeiros.
A segunda fase, de incubação, prolonga-se até Abril de 2026. As empresas foram seleccionadas com base em mérito, viabilidade, inovação e capacidade de gestão. Esta etapa incluirá sessões de assessoria técnica, workshops e apresentações a investidores. Cada empresa terá acompanhamento individual para diagnóstico estratégico, definição do formato de financiamento e preparação documental. O processo culmina no primeiro trimestre de 2026, com admissões à cotação ou emissão de instrumentos de dívida.
Entre as empresas seleccionadas estão a Kingman Construtora (SANLO), com contratos no sector de petróleo e gás; a DSD Capital, fintech dedicada ao microcrédito digital; e a RAD-CURA, promotora do primeiro hospital oncológico do País, avaliado em 89 milhões de dólares. Participam ainda a Moz Anjos (AMBA), rede de business angels; a Batzai, empresa tecnológica; a Edutech, plataforma de ensino digital e a FARMAC, empresa estatal em reestruturação.
“Mesmo que algumas empresas não venham a financiar-se em bolsa nesta fase, adquirem o conhecimento e o know-how sobre como se preparar para se financiar a partir da Bolsa”, sublinhou Alcino Michaque. O administrador anunciou também a criação do Gabinete de Apoio a Juízos, Empresas e Mercado, destinado a apoiar entidades interessadas.
O programa conta com o apoio de consultores, académicos e investidores institucionais. Este envolvimento reforça a credibilidade técnica e o alinhamento estratégico com a visão de longo prazo de dinamização do mercado de capitais.
Segundo a Finantia, entidade coordenadora do programa, a iniciativa é o resultado de uma década de experiência na estruturação de operações financeiras em Bolsa, incluindo empresas como SMM, Tyre Partner e ServCred ou a Rede Viária de Moçambique (REVIMO). Com os primeiros resultados esperados em 2026, os promotores acreditam que o modelo servirá de inspiração para futuras edições, permitindo que mais empresas usem os mercados de capitais como fonte de financiamento competitivo e sustentável.
“O empenho de cada empresa é fundamental para o sucesso do programa. Da sua participação efectiva dependerá não só o acesso ao financiamento, mas a sustentabilidade e continuidade do programa”, concluiu Egas Daniel, reafirmando o compromisso da CTA com um ambiente de negócios mais inclusivo e competitivo.
Com esta iniciativa inovadora, os organizadores e parceiros esperam dar um contributo muito positivo para o desenvolvimento a prazo dos Mercados de Capitais moçambicanos de modo a que estes ganhem relevância e se constituam como alternativa fundamental para a canalização de poupanças direccionadas ao desenvolvimento económico e social do país.































































