O álcool, sem sombra de dúvidas, é uma das substâncias do vinho que tem grande impacto na sua degustação, mas não é o item mais importante desse conjunto.
Geralmente o álcool no vinho é como o sal na comida: só se percebe se está em falta ou em excesso. Se o vinho tiver pouco ou muito álcool, na maioria das vezes torna-se desequilibrado, mas isso não significa que um vinho com baixo ou elevado teor alcoólico seja necessariamente desequilibrado. O que realmente dita esse equilíbrio é a presença (ou ausência) de outros elementos, como açúcares residuais ou a acidez, que pode ser maior ou menor.
Mas afinal, quanto mais álcool, melhor? Definitivamente, não!
Quanto mais álcool, mais encorpado é o vinho? Também não.
O corpo do vinho é construído por vários factores: taninos, açúcares, maior tempo de extracção, se foi ou não filtrado, o uso de barricas (quanto mais novas, mais corpo conferem ao vinho) ou até mesmo a safra, já que em grandes anos se obtêm uvas mais concentradas.
Por exemplo, os vinhos alemães elaborados maioritariamente com a casta Riesling podem ser encorpados, mesmo com apenas 7% de teor alcoólico. Grandes champanhes têm, em média, 12,5% de álcool e são encorpados devido ao longo tempo de contacto com as leveduras na garrafa durante a segunda fermentação. Outro exemplo são os Malbecs argentinos, que apresentam um elevado teor alcoólico — cerca de 14 a 15% —, mas cujo corpo também resulta do uso abundante de barricas. E ainda o célebre Amarone della Valpolicella, com cerca de 15% de volume alcoólico, considerado um dos mais encorpados.
Neste caso, todo o corpo do Amarone é resultado do método de produção: as uvas passam por um processo de passificação, durante o qual perdem água e concentram todos os outros elementos, originando um vinho opulento e robusto, com um corpo acima da média dos vinhos da região.
Assim, o álcool não é indicativo de qualidade no vinho, nem torna a bebida mais especial. Evite escolher com base no teor alcoólico, pois isso pode ser uma desilusão. Lembre-se: “O álcool no vinho é como o sal na comida.”
Fonte: Revista Menu






























































