Angola está a dar um passo decisivo para remodelar o seu sector energético. Em 2025, o Governo introduziu reformas abrangentes na Lei Geral da Electricidade, destinadas a liberalizar a indústria, atrair capital privado e acelerar a mudança para as energias renováveis.
Do monopólio estatal à abertura do mercado
Historicamente, o sector eléctrico de Angola tem sido dominado por entidades estatais, com espaço limitado para operadores privados. Isso deixou o país a lutar contra déficits persistentes no abastecimento, disparidades regionais no acesso e pressão crescente para atender ao aumento da demanda. Ao abrir as portas para a participação privada na transmissão e introduzir contratos de distribuição flexíveis, as reformas marcam uma mudança radical em relação a décadas de controlo estatal.
Para os investidores, isto cria novos pontos de entrada num mercado da energia que está subdesenvolvido e repleto de potencial. A capacidade instalada de Angola permanece modesta em relação à procura, mas os seus recursos hidroeléctricos, o potencial solar inexplorado e a geografia estratégica fornecem os fundamentos para fortes retornos se a governação e a clareza regulamentar forem sustentadas.
As energias renováveis no centro da reforma
As reformas não se limitam à modernização das infra-estruturas; estão também ancoradas na ambição de Angola de cumprir os compromissos climáticos e diversificar o seu cabaz energético. Embora a energia hidroeléctrica já forneça a maior parte do abastecimento, o novo quadro jurídico incentiva explicitamente a implantação de energias renováveis, em especial a solar e a eólica.
Isto está alinhado com a Estratégia Nacional de Segurança Energética de Angola, que visa expandir a electrificação, reduzir a dependência das caras importações de gasóleo e eliminar gradualmente os subsídios que têm pesado fortemente nas finanças públicas.
Confiança do Investidor e Integração Regional
As reformas da electricidade surgem numa altura em que Angola procura activamente reposicionar-se como um mercado mais amigo dos investidores. Ao liberalizar aspectos fundamentais do sector, o Governo está a sinalizar a sua intenção de atrair actores privados nacionais e internacionais.
O momento também é estratégico. Em África, prevê-se que a procura de energia triplique até 2040 e os países estão a competir para atrair fluxos de capital para as suas redes. As reformas de Angola colocam-na em linha com tendências regionais mais amplas, desde o modelo de produtor independente de energia da África do Sul até à expansão das energias renováveis do Quénia, ao mesmo tempo que apoiam o comércio regional de energia no âmbito do Grupo de Energia da África Austral (SAPP).
Desafios futuros
Apesar da promessa, os obstáculos permanecem. A capacidade regulamentar terá de ser reforçada para supervisionar um mercado mais complexo e com múltiplos intervenientes. O financiamento de projectos de energias renováveis em mercados fronteiriços como Angola requer frequentemente modelos de financiamento misto, com os bancos de desenvolvimento a desempenharem um papel catalisador. Além disso, garantir que a liberalização beneficie os agregados familiares e as pequenas e médias empresas, e não apenas os utilizadores industriais, será fundamental para a criação de apoio político e social à reforma.
Fonte: Further Africa






























































