A empresa estatal Oil India Limited prevê que o projecto de gás natural liquefeito (GNL) da Área 1, em Cabo Delgado, seja retomado até ao final de 2025, após quatro anos de paralisação provocada pela insegurança no distrito de Palma. A estimativa surge numa altura em que a TotalEnergies, operadora do consórcio, se encontra na fase final dos preparativos para o levantamento da cláusula de “força maior” aplicada em Março de 2021, tal como informou o portal reuters.
Segundo o presidente da Oil India, Ranjit Rath, “com a melhoria das condições de segurança, o projecto deverá ser retomado no segundo semestre de 2025 e está bem posicionado para responder à crescente procura do mercado indiano de gás”. A empresa integra um bloco de investidores indianos, que detêm 30 % do capital, juntamente com a ONGC Videsh e a Bharat PetroResources.
Durante uma deslocação recente à vila de Palma, o director-geral da TotalEnergies em Moçambique, Maxime Rabilloud, anunciou que estão a ser ultimados os detalhes operacionais para o reinício formal das actividades na península de Afungi.
“Estamos a preparar-nos para levantar a ‘força maior’, e é nesse sentido que estamos a trabalhar para reiniciarmos o projecto”, declarou, à margem da cerimónia de entrega da estrada Quitunda–Senga, uma infra-estrutura social de 1,7 quilómetro financiada pela petrolífera em benefício das comunidades reassentadas.
Rabilloud indicou que cerca de 90 % das obras de engenharia estão já concluídas e que os equipamentos críticos, incluindo turbinas, estão em fase final de construção fora do País, com chegada prevista após a formalização da retoma. Está igualmente em curso a instalação de uma base logística marítima em Afungi, concebida para apoiar a recepção de navios e movimentação de materiais de grande porte.
O gestor reuniu-se também com empresários locais, ouvindo preocupações sobre o acesso a oportunidades de fornecimento e defendendo o reforço da política de conteúdo local. Garantiu que parte significativa dos produtos alimentares já é adquirida em Palma, e que esse modelo será expandido a outros sectores.
O consórcio da Área 1 é liderado pela TotalEnergies (26,5 %), com participação da japonesa Mitsui (20 %), da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH), com 15 %, das referidas empresas indianas (30 %) e da tailandesa PTTEP, que detém o restante capital.
A presença da TotalEnergies em Palma continua sob forte protecção, com medidas de segurança reforçadas pelas Forças de Defesa e Segurança de Moçambique e por tropas ruandesas, cuja missão foi recentemente renovada por via de entendimentos bilaterais.
A previsão agora avançada pela Oil India surge após uma sucessão de sinais e compromissos públicos. Em Maio, a TotalEnergies já havia indicado que esperava retomar as actividades até meados de 2025, enquanto o Governo reiterava que a decisão final dependeria exclusivamente da empresa operadora.
A mais recente declaração da petrolífera francesa, aliada à definição de prazos concretos por parte dos parceiros indianos, poderá consolidar uma viragem decisiva para o maior investimento privado actualmente em curso no País.































































