A Reserva Especial do Niassa, no Norte do País, alberga a maior população reprodutiva documentada do falcão-de-Taita (Falco fasciinucha), uma das aves de rapina mais raras do mundo, segundo um estudo científico recentemente divulgado.
De acordo com o informações publicadas pelo portal News Mongabay, a investigação, realizada em 2021 por uma equipa de especialistas apoiados pelo Peregrine Fund e pela BirdLife South Africa, avaliou 35 inselbergues graníticos da reserva e identificou 14 pares reprodutores.
Com base em modelações de habitat, os investigadores estimam que todo o território, com cerca de 4 milhões de hectares, poderá albergar entre 68 e 76 casais — números sem paralelo noutras regiões africanas, onde as populações conhecidas raramente ultrapassam dez pares.
O falcão-de-Taita, reconhecível pelo peito acastanhado e pelas listras negras na face, alimenta-se sobretudo de pequenas aves insectívoras como andorinhões e papa-moscas. Em Niassa, as formações rochosas elevadas proporcionam vantagem competitiva face a espécies maiores, como o falcão-peregrino e o falcão-lanário, que dependem de presas granívoras e precisam percorrer distâncias mais longas para caçar.
Apesar deste refúgio natural, os cientistas alertam para riscos crescentes de perda de habitat, nomeadamente pela produção de carvão vegetal, abertura de áreas agrícolas e presença de aves domésticas que favorecem predadores concorrentes. Ainda assim, os especialistas sublinham que a dimensão da reserva, a resiliência das florestas de miombo e as acções de conservação comunitária oferecem condições para a manutenção da espécie.
Outrora abundantes na África do Sul e no Zimbabué, as populações de falcão-de-Taita nesses países colapsaram, o que reforça a importância estratégica da Reserva do Niassa para a sobrevivência da espécie. “Encontrar em Niassa um bastião com diversidade genética ainda saudável é encorajador”, afirmou Hanneline Smit-Robinson, responsável pela conservação da BirdLife South Africa e autora principal do estudo.
Com cerca de 60 mil habitantes dispersos em aldeias, a pressão humana na reserva permanece limitada quando comparada a outras áreas da África Austral. Contudo, os investigadores defendem o reforço de políticas de preservação do ecossistema, lembrando que a perda de habitat noutras regiões contribuiu para o desaparecimento de colónias inteiras da espécie.
































































