O presidente da Associação Agro-pecuária de Angola (AAPA), Wanderlei Ribeiro, alertou esta sexta-feira (4), em Luanda, que o aumento do preço do gasóleo de 0,38 dólares (24 meticais) para 0,50 dólares (32 meticais) por litro — em vigor desde 3 de Julho de 2025 — terá “um impacto grande” no sector produtivo, sem contrapartida visível em apoios directos à produção nacional.
“Vai ter um impacto, sem dúvida”, declarou o dirigente associativo, recordando que esta subida integra a política de retirada gradual dos subsídios aos combustíveis. Segundo Ribeiro, o Executivo justificou a medida com a promessa de libertar recursos para fomentar a produção nacional, mas “não se consegue ver, na mesma proporção do impacto da remoção dos subsídios, uma cabimentação de recursos para apoio à agricultura familiar”.
Entre as medidas avançadas pelo Governo contam-se a aquisição de 180 000 toneladas de fertilizantes e o reforço da capitalização do Banco de Desenvolvimento de Angola, mas “há um desafio ainda muito grande na capacidade de financiamento à economia real, sobretudo às empresas do sector”, frisou o presidente da AAPA. Acrescentou ainda que a actualização do salário mínimo constitui outra pressão adicional sobre os custos de produção.
Wanderlei Ribeiro criticou também a liberalização da importação de milho, que “foi a um preço muito mais baixo do que aquele que as empresas nacionais conseguem praticar”, prejudicando a actividade local. “É sempre o consumidor quem paga quando o Governo não absorve o impacto para o produtor ou para o consumidor”, lamentou.
Dados oficiais indicam que, desde 2023, o preço da gasolina subiu de 0,20 dólares (13 meticais) para 0,38 dólares (24 meticais) por litro, enquanto o gasóleo passou de 0,17 dólares (11 meticais) para 0,50 dólares (32 meticais), acumulando aumentos superiores a 120%. A eliminação dos subsídios gera uma poupança estimada em 500 milhões de dólares (31,9 mil milhões de meticais) por ano, num esforço de consolidação orçamental apoiado pelo Fundo Monetário Internacional.
O Executivo pretende alinhar os preços internos com os valores de mercado até ao final de 2025, libertando recursos públicos para setores como a saúde, a educação e a infra-estrutura.
Fonte: Lusa