O Presidente da República, Daniel Chapo, afirmou que o Governo e as empresas privadas terão de garantir colectivamente a segurança necessária para permitir que a TotalEnergies retome a construção do projecto de gás natural liquefeito (GNL) no valor de 20 mil milhões de dólares, que ficou paralisada devido a uma insurgência militante.
Segundo um artigo publicado pela Bloomberg, nesta quarta-feira, 2 de Julho, o projecto na província de Cabo Delgado, Norte do País, juntamente com outros que se encontram em fases iniciais de desenvolvimento, são considerados cruciais para o futuro de Moçambique, que se encontra entre os mais pobres do mundo. A grande petrolífera francesa suspendeu os trabalhos, retirou os trabalhadores e declarou força maior em 2021, na sequência de uma escalada dos ataques por parte de militantes ligados ao Estado Islâmico.
“No que diz respeito à segurança, está relativamente estável em comparação com os últimos quatro anos, mas a continuidade desta estabilidade não depende apenas do Governo, mas de todos os parceiros nessa área”, declarou Chapo em Sevilha, Espanha, na terça-feira, acrescentando que “se ficarmos à espera que Cabo Delgado se torne um paraíso, não vamos levantar a força maior.”
As instalações da TotalEnergies, que levarão mais quatro anos para serem concluídas, irão liquefazer e exportar as extensas reservas de gás ao largo do Nordeste de Moçambique, descobertas há 15 anos. Desde então, apenas uma planta flutuante operada pela Eni SpA entrou em funcionamento. A decisão final de investimento sobre um terceiro empreendimento planeado, o projecto Rovuma LNG da Exxon Mobil Corp., no valor de 27 mil milhões de dólares é esperada para o próximo ano.
Moçambique apelou às nações africanas para que ajudassem a proteger Cabo Delgado, depois das suas tentativas de utilizar mercenários para travar a violência terem falhado.
Entretanto, as tropas ruandesas, enviadas meses após os ataques que levaram à evacuação da TotalEnergies, proporcionaram uma resposta eficaz. O Conselho Europeu concedeu à Força de Defesa do Ruanda financiamento adicional em Novembro para ajudar a combater a insurgência, mas os termos da sua mobilização permanecem incertos.
“O tempo dependerá muito da segurança no terreno — é difícil dizer se será amanhã ou mais tarde. A segurança não depende totalmente do Ruanda, da TotalEnergies ou de Moçambique, mas de como o terrorismo está a se desenrolar no terreno”, frisou o governante.
Os repetidos atrasos no reinício do projecto significaram que a companhia francesa teve de renovar os acordos de financiamento com alguns credores. O Banco de Exportação e Importação dos Estados Unidos da América aprovou em Março um empréstimo de 4,7 mil milhões de dólares, a maior componente de financiamento, um marco importante para garantir o reinício.
Embora as operações no terreno continuem suspensas, a TotalEnergies continuou os trabalhos de engenharia e deverá poder iniciar a produção de GNL até 2029, segundo afirmou o director-executivo, Patrick Pouyanne numa entrevista.
O Governo quer que os trabalhos sejam retomados “o mais rápido possível” e está a considerar várias opções para manter a segurança, embora nenhuma tenha garantia de funcionar, de acordo com Chapo.
“Temos fé que a TotalEnergies será capaz de levantar a força maior” assim que a segurança adequada estiver em vigor, sublinhou, destacando que “não tenho uma data” porque isso dependerá da TotalEnergies.