Angola possui um capital nacional avaliado em 361 mil milhões de dólares para impulsionar o desenvolvimento sustentável e acelerar a diversificação da economia. Os números foram avançados à imprensa pelo representante do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) para Angola e São Tomé e Príncipe, Pietro Toigo, no último fim-de-semana, durante o lançamento do Relatório sobre as Perspectivas Económicas para África.
Toigo explicou que aproximadamente 50% desse valor corresponde ao capital humano, 30% está relacionado com o capital natural e 20% reservado ao capital produtivo. O responsável salientou que, apesar do Produto Interno Bruto (PIB) ser frequentemente tomado como principal indicador económico, representa apenas uma fatia de um quinto do capital total do país.
“O capital total de Angola é de 361 mil milhões de dólares, dos quais apenas 20% correspondem ao PIB. Isto significa que há um enorme potencial inexplorado nos recursos humanos, naturais e infra-estruturais do país”, sublinhou o governante.
O relatório destaca que, nos últimos 25 anos, o capital total de Angola registou um crescimento impulsionado, sobretudo, pelos investimentos realizados no sector hidroeléctrico, embora tenha ocorrido uma redução no capital natural, principalmente no património florestal e na protecção costeira.
“Há um crescimento global do capital, mas este segmento diminuiu devido ao aumento da população e à degradação de recursos naturais importantes, como as florestas e as zonas costeiras”, frisou.
Pietro Toigo sublinhou que o desafio principal reside agora em monetizar de forma sustentável o capital natural, transformando-o em crescimento económico efectivo e em melhorias das condições de vida da população. No sector energético, exemplificou que Angola possui uma capacidade instalada hidroeléctrica significativa, estimada em quase três gigawatts, o que equivale a um empreendimento avaliado em cerca de 10 mil milhões de dólares.
De acordo com o representante, paradoxalmente, apenas 45% da população tem acesso efectivo à electricidade. “Um ganho imediato para o país seria investir no sistema de transmissão e distribuição, que está em fase de planeamento e execução, para aproveitar o potencial já criado.”
Recomendou igualmente que se aposte em investimentos sustentáveis na agricultura, sobretudo em culturas tropicais como café, cacau e coco, compatíveis com a conservação das florestas, bem como o desenvolvimento do ecoturismo, turismo sustentável e a exploração responsável de recursos madeireiros.

Por outro lado, o sector pesqueiro necessita de atenção, já que apresenta sinais de exploração insustentáveis que podem comprometer a preservação do capital natural angolano.
Entretanto, o relatório do BAD pretende servir de orientação para políticas públicas de diversificação económica, para reduzir a dependência do petróleo e maximizar o aproveitamento das diversas fontes de riqueza do país. Pietro Toigo salientou ainda que Angola está num ponto de viragem, podendo transformar o seu elevado capital potencial em motor de crescimento inclusivo e sustentável.
O encontro decorreu sob o tema “Fazendo com que o Capital Natural de Angola Funcione Melhor para o seu Desenvolvimento”.
Fonte: Jornal de Angola