O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas (PAM) anunciou que, no mês de Maio, prestou assistência humanitária a mais de 370 mil pessoas afectadas pelos conflitos armados na região Norte de Moçambique. Num relatório, a entidade sublinhou ainda que, no momento, são necessários cerca de 157,6 milhões de dólares, para assegurar a continuidade das actividades no País até Novembro.
“Em Maio, o PAM assistiu 377,8 mil beneficiários, incluindo deslocados internos e retornados, atingindo 90% do plano para o ciclo de distribuição. A assistência, parte da resposta de emergência face à crise de deslocação no Norte”, avançou a instituição no documento pela Lusa.
Segundo o PAM, foram enfrentados constrangimentos relacionados com o acesso rodoviário limitado a alguns locais de distribuição, principalmente no distrito de Quissanga, bem como as questões de insegurança prevalecentes no distrito de Macomia. “Devido aos recursos limitados, são, actualmente, fornecidas às populações afectadas pelo conflito armado meias rações, a cada dois meses”.
O relatório descreve que, no período em análise, foram distribuídas 5,3 mil toneladas de alimentos e transferidos cerca de 4,5 milhões de dólares, em ajuda financeira directa, para mitigar ainda os efeitos do fenómeno climático El Niño e dos três ciclones que atingiram o País, entre Dezembro e Março.
Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques perpetrados por grupos extremistas islâmicos na província, representando um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano especializada na análise de conflitos em África.
Em Abril deste ano, os ataques alastraram também à vizinha província do Niassa. Um dos episódios mais graves ocorreu na Reserva do Niassa e no Centro Ambiental de Mariri, no distrito de Mecula, onde grupos armados não estatais atacaram instalações, roubaram bens, destruíram acampamentos e uma aeronave do parque. Estes actos resultaram na morte de, pelo menos, duas pessoas e levaram à deslocação de mais de dois mil indivíduos, 55% dos quais crianças.