O Presidente da República, Daniel Chapo, afirmou esta segunda-feira, 30 de Junho, que prevê assinar ainda este ano um novo programa de apoio com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que estará alinhado com a visão do actual Governo e com as reformas em curso no sector público, informou a agência Lusa.
“Ainda ao longo deste ano, se tudo correr bem, vamos assinar um novo programa que possa permitir que, com a nova visão do Governo, possamos realmente continuar uma excelente relação com o FMI”, declarou Daniel Chapo, após reunir-se em Sevilha (Espanha) com Nigel Clarke, director-adjunto de gestão do Fundo, durante a IV Conferência Internacional das Nações Unidas sobre o Financiamento ao Desenvolvimento (FFD4).
O Presidente da República, empossado a 15 de Janeiro de 2025, acrescentou que este novo entendimento com o FMI terá como foco a melhoria do ambiente de negócios e a atracção de investimentos. “Mas já com uma nova visão baseada em reformas ao nível do sector público e, sobretudo, as questões relacionadas com a necessidade de criar um bom ambiente de negócio em Moçambique, por forma que possamos continuar a atrair investimentos tanto nacionais como estrangeiros para o crescimento e desenvolvimento económico, social e ambiental do País”, afirmou.
Daniel Chapo salientou ainda a boa receptividade da parte do Fundo: “Do lado do FMI, a recepção é muito boa e prevê-se o estreitamento das boas relações de amizade e cooperação”, referindo que o FMI é “uma das instituições parceiras de Moçambique”.
FMI confirma preparação de novo apoio
O director-geral adjunto do FMI, Bo Li, já havia assegurado, no dia 17 de Maio, em Maputo, que a instituição vai avançar nos próximos meses com um novo programa para apoiar a estabilidade de Moçambique.
“A nossa equipa trabalhará em conjunto. Nas próximas semanas e meses, discutiremos um novo programa. Estamos empenhados em apoiar a economia moçambicana para ajudar a manter a estabilidade macroeconómica e financeira”, declarou Bo Li, após ter sido recebido pelo Presidente da República.
“Ainda ao longo deste ano, se tudo correr bem, vamos assinar um novo programa que possa permitir que, com a nova visão do Governo, possamos realmente continuar uma excelente relação com o FMI”
No dia 18 de Abril, o FMI divulgou um comunicado anunciando que, a pedido das autoridades moçambicanas, seriam iniciadas conversações para um novo programa. “Para melhor alinhar o apoio do FMI com a visão e prioridades do novo Governo, as autoridades moçambicanas pediram o início de discussões para um novo programa do FMI”, lia-se no documento. No mesmo texto, o Fundo informava que se havia chegado a um entendimento para não prosseguir com as revisões subsequentes no âmbito do mecanismo apoiado pela Facilidade de Crédito Alargado (ECF).
Apoio anterior ascendeu a 29,6 mil milhões de meticais
O anterior programa da ECF, aprovado em Maio de 2022, previa um financiamento total de cerca de 29,6 mil milhões de meticais (456 milhões de dólares). Foram já desbloqueadas quatro tranches, incluindo uma em Janeiro de 2024 no valor de 3,7 mil milhões de meticais (60,7 milhões de dólares) e outra, em Junho do mesmo ano, de 3,4 mil milhões de meticais (60,37 milhões de dólares).
Até à data, os desembolsos totais ao abrigo deste programa ascenderam a cerca de 16,4 mil milhões de meticais (273 milhões de dólares).
No início de Março, o FMI advertiu que o País necessitará de uma “consolidação orçamental” em 2025, face à derrapagem fiscal registada no ano anterior. “As estimativas preliminares sugerem que houve derrapagens orçamentais significativas em 2024, que são em parte explicadas pela desaceleração da actividade económica durante o último trimestre”, afirmou Pablo Lopez Murphy, citado num comunicado do FMI, a 5 de Março.