As bolsas asiáticas terminaram a primeira sessão da semana em terreno misto, numa altura em que os investidores estiveram a reagir pela primeira vez aos sucessivos ataques deste fim-de-semana entre Irão, Israel e Estados Unidos da América (EUA). Washington decidiu juntar-se a Israel no ataque a três centrais nucleares de Teerão, enquanto esta manhã Israel atacou outros complexos militares iranianos. O mercado aguarda agora com cautela a resposta do Irão, que já prometeu “consequências eternas” aos dois países.
“Este tipo de incerteza está rapidamente a tornar-se o novo normal para os mercados, pelo que espero ver uma relativa sensação de calma, a menos que as tensões continuem a aumentar, o que tem potencial para acontecer”, disse Josh Gilbert, analista de mercado da eToro, à Bloomberg. “Mesmo sem uma queda imediata, a mistura de volatilidade do petróleo e a incerteza renovada provavelmente serão suficientes para manter o apetite pelo risco moderado”, acrescentou.
O petróleo continuou a centrar atenções, uma vez que qualquer perturbação do tráfego através do Estreito de Ormuz pode fazer disparar os preços da energia e dos combustíveis.
Caso o Irão contra-ataque, “o mercado será muito, muito reactivo aos acontecimentos militares na região – em acções, obrigações e moedas – porque não sabemos exactamente como é que isto se vai desenrolar”, disse Ben Zala, professor sénior de relações internacionais na Universidade Monash em Melbourne, a capital costeira do estado de Victoria, no sudeste da Austrália.
Entre os principais movimentos de mercado, as acções de transporte marítimo, como a Ningbo Marine e a Nanjing Tanker, subiram 10% e 8%, respectivamente, à boleia da especulação de que as tarifas de frete dos petroleiros podem aumentar após os ataques aéreos dos EUA no Irão. As acções asiáticas ligadas ao sector da defesa subiram, enquanto as acções das companhias aéreas caíram devido à subida dos preços do petróleo.
Já as acções do Taiwan Semiconductor Manufacturing (TSM) recuaram depois de o Wall Street Journal ter avançado que o Departamento de Comércio dos EUA terá dito às principais empresas de semicondutores que pretende revogar as isenções que utilizaram para aceder à tecnologia americana na China. A Samsung cedeu mais de 2%.
Ainda assim, na China, o impacto foi menos sentido: o Shanghai Composite subiu 0,5% e o Hang Seng, em Hong Kong, ganhou 0,4%. Já no Japão, o Topix perdeu 0,4% e o Nikkei recuou 0,2%. O australiano S&P/ASX 200 cedeu também 0,3%
Na Europa, as perspectivas são igualmente pessimistas. Os futuros do Euro Stoxx 50 apontam para uma queda de 0,5% devido à escalada das tensões no Médio Oriente. Os investidores vão também analisar os dados da actividade económica na Zona Euro, esta segunda-feira (23), para avaliar se a guerra comercial dos EUA prejudicou a produção das fábricas, antes do prazo de 9 de Julho para a aplicação de tarifas recíprocas. A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, também deverá discursar.