O Fundo Monetário Internacional (FMI) reconheceu que o Zimbabué fez “progressos significativos” nas suas reformas económicas, mas alertou que o país ainda precisa de avançar com medidas decisivas antes de poder beneficiar de um programa monitorizado pelo organismo. A informação foi divulgada esta quarta-feira (18) num comunicado citado pela Bloomberg.
“O Zimbabué está a registar um certo grau de estabilidade macroeconómica, apesar dos desafios políticos que persistem”, indicou o FMI. Segundo a instituição, a adopção de políticas económicas mais disciplinadas tem contribuído para a estabilização da economia, após anos marcados por episódios sucessivos de hiperinflação.
Entre as principais medidas, o FMI destacou a suspensão das operações parafiscais do banco central do Zimbabué, transferidas para o Tesouro, e a implementação de uma política monetária mais rigorosa, mesmo sob fortes pressões orçamentais. Estas acções permitiram conter a inflação e estabilizar a nova moeda nacional, o Zimbabwe Gold (ZiG), uma moeda introduzida em 2024 e lastrada no ouro.
No ano passado, o crescimento económico do Zimbabué foi afectado por uma forte seca que reduziu a produção agrícola em 15%. A produção de electricidade também caiu e a queda dos preços da platina e do lítio prejudicou o sector mineiro. Ainda assim, o FMI estima que “o crescimento deverá recuperar e atingir 6% este ano”.
A recuperação está a ser impulsionada por melhores condições climáticas e pelos preços historicamente elevados do ouro, que beneficiaram a agricultura e a mineração no primeiro semestre de 2025. Estes factores reforçaram a balança corrente e sustentaram a retoma da actividade económica no país.
O rácio das receitas públicas subiu para 18% do Produto Interno Bruto (PIB), impulsionado por medidas como o aumento de impostos, a redução de isenções fiscais, a tributação de subsídios relacionados com a covid-19 e o combate ao contrabando. Contudo, as receitas arrecadadas não foram suficientes para cobrir os gastos crescentes do Estado.
Entre essas despesas estão os aumentos salariais no sector público, os custos da organização da cimeira da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), o serviço da dívida associada a operações do banco central e os encargos ligados à aquisição de activos para o Fundo de Investimento Mutapa. O défice orçamental foi coberto através da emissão de bilhetes do Tesouro e de empréstimos do banco central, o que expandiu a liquidez interna e desvalorizou o ZiG em Setembro de 2024.
Na sequência da desvalorização da moeda, a inflação disparou em Outubro do ano passado, mas recuou nos meses seguintes. A estabilização das taxas de câmbio oficiais e paralelas permitiu uma queda significativa da inflação, que se manteve, em média, nos 0,5% mensais entre Fevereiro e Maio deste ano.