As autoridades de saúde apelaram, esta quarta-feira, 18 de Junho, a uma colaboração mais activa das Organizações da Sociedade Civil (OSC) envolvidas em temáticas ligadas à saúde, com vista a reforçar os esforços de prevenção e erradicação da malária, sobretudo na região sul do País. A informação foi divulgada pela Agência de Informação de Moçambique (AIM).
Segundo o órgão, o apelo foi feito em Maputo, no decurso do workshop nacional sobre o papel das organizações da sociedade civil na eliminação da malária, onde se destacou a importância da participação comunitária no controlo da doença.
“O funcionamento do sistema depende também da supervisão, do envolvimento da sociedade civil e do reconhecimento de que a eliminação da malária, sobretudo no sul do País, exige o engajamento activo destes actores”, afirmou Eusébio Chaquisse, chefe do Departamento Central de Cuidados de Saúde Primários do Ministério da Saúde.
O responsável sublinhou que, apesar das melhorias observadas na região sul, a malária continua a ser uma das principais causas de morte no País. Apontou, ainda, as alterações climáticas como um dos factores que contribuem para o ressurgimento da doença em áreas anteriormente controladas.
“Nos últimos tempos, temos registado focos epidémicos na cidade de Maputo e noutras zonas onde já se tinha controlo, situação associada, em grande medida, às mudanças climáticas. A malária é altamente sensível a estes factores”, explicou.
Eusébio Chaquisse reforçou a necessidade de um posicionamento estratégico das OSC na luta contra a malária, especialmente nas regiões onde o controlo tem sido eficaz. “A região sul está muito próxima da eliminação, mas isso depende da forma como nos posicionamos e do nível de participação da sociedade civil”, acrescentou.
O responsável reconheceu o esforço do Governo no combate à malária, mas frisou que o envolvimento das comunidades, através das OSC, é indispensável para alcançar o objectivo de erradicação. “Precisamos de intervenções combinadas para garantir o sucesso, tanto a nível nacional como regional”, disse.

De acordo com o dirigente, Moçambique encontra-se actualmente numa fase de controlo da doença em algumas zonas do País. “Na semana passada, uma equipa técnica visitou a província de Maputo para avaliar, no terreno, as acções em curso relativas ao controlo da malária”, acrescentou.
Gilda Jossias, presidente da Plataforma da Sociedade Civil para a Saúde e Direitos Humanos em Moçambique (PLASOC-M), partilhou dados preocupantes sobre a incidência da doença: “No primeiro semestre de 2024, o País registou 6,2 milhões de casos de malária, embora o número de óbitos tenha reduzido para 196.”
Apesar da ligeira melhoria nos indicadores de mortalidade, Gilda Jossias alertou para os desafios financeiros que ameaçam os ganhos alcançados no combate à malária. “Estamos perante a retirada de financiamento do Governo dos Estados Unidos da América e enfrentamos agora um novo cenário de redução dos fundos do Fundo Global, o que compromete seriamente os avanços obtidos.”
A líder da PLASOC-M reafirmou o compromisso da sociedade civil em reforçar acções de vigilância, mobilização comunitária e educação para a saúde. “É fundamental promover o envolvimento das OSC na detecção precoce e encaminhamento de casos, identificar boas práticas e desafios comunitários, melhorar a adesão das populações às medidas de prevenção e tratamento e propor campanhas de sensibilização adequadas à realidade local”, revelou.
O workshop contou com a participação de 45 representantes de diferentes sectores, incluindo Governo, sociedade civil, parceiros e líderes comunitários, que partilharam experiências e boas práticas na eliminação da malária, um dos maiores desafios de saúde pública no País.
A iniciativa teve como objectivo promover a transparência, a responsabilização, a colaboração regional e o envolvimento das comunidades lideradas por OSC no combate à malária, ao VIH e à tuberculose, com enfoque especial na região sul de Moçambique.