A Montepuez Ruby Mining (MRM) prevê triplicar a capacidade de processamento de rubis na sua mina em Cabo Delgado, no Norte do País, passando das actuais 200 para 600 toneladas por hora, conforme anunciou esta terça-feira, 17 de Junho, uma fonte da Gemfields à agência Lusa. O projecto envolve um investimento total de cerca de 4,9 mil milhões de meticais (70 milhões de dólares), excluindo impostos e taxas.
Em entrevista à Lusa, uma fonte da Gemfields – empresa que detém e opera a mina – reconheceu que a construção de uma segunda unidade de processamento, designada PP2, constitui “um projecto crucial para aumentar a produção de rubis ‘premium’ e gerar receitas adicionais para o grupo até ao final de 2025”.
De acordo com a empresa, a nova unidade deverá estar concluída até ao final do primeiro semestre deste ano. A Gemfields detém 75% da MRM, que possui uma concessão de 34 966 hectares, enquanto os restantes 25% pertencem à empresa moçambicana Mwiriti.
“A PP2 é uma unidade de processamento secundário, o que significa que uma maior quantidade de minério pode ser processada simultaneamente. A adição da segunda unidade deverá triplicar a capacidade de processamento da MRM, das actuais 200 toneladas por hora para 600 toneladas por hora”, explicou a mesma fonte. A expectativa é que a nova unidade permita o processamento do ‘stock’ existente e aumente a oferta no mercado de rubis com diferentes variações de tamanho e cor.
A segunda unidade abre ainda a possibilidade de expansão para outras áreas de mineração dentro da concessão da MRM, que emprega actualmente 1300 trabalhadores, 94% dos quais nacionais.
“O investimento na PP2 constitui o maior já realizado pelo grupo Gemfields e representa o nosso compromisso contínuo com a província de Cabo Delgado e com as comunidades locais, para as quais a criação de empregos adicionais e o desenvolvimento económico são de importância crucial”, afirmou o director-geral da MRM, Prahalad Kumar Singh.
Do total do investimento previsto de 4,9 mil milhões de meticais (70 milhões de dólares), 4,2 mil milhões de meticais (60 milhões de dólares) já foram aplicados. A empresa prevê ainda expandir a sua frota de mineração em 2026.
Com o arranque pleno da nova unidade, estima-se que a taxa de processamento triplique, o que deverá aumentar consideravelmente tanto a produção como as receitas provenientes da extracção de rubis. Esta expansão acontece num momento em que se espera que o mercado de gemas coloridas “recupere e continue a sua trajectória ascendente de médio a longo prazo.”

“A Gemfields permanece confiante de que a empresa e o sector terão uma fase de crescimento promissor pela frente”, acrescentou a mesma fonte.
A Gemfields é considerada líder mundial na mineração responsável e comercialização de pedras preciosas coloridas. Para além da MRM, a empresa detém 75% da mina de esmeraldas Kagem, na Zâmbia, reconhecida como “a maior mina de esmeraldas do mundo”, bem como licenças de amostragem a granel na Etiópia, entre outras operações.
Segundo o mais recente relatório “Factor G para Recursos Naturais”, divulgado a 5 de Junho pela Lusa, a mina MRM registou em 2024 uma receita total de cerca de 8,2 mil milhões de meticais (117,2 milhões de dólares). O relatório visa promover a transparência na partilha da riqueza gerada pelos recursos naturais entre empresas e os governos dos países anfitriões, abrangendo os sectores mineiro, petrolífero, de gás, da madeira e da pesca.
Em 2023, a mesma mina havia registado receitas de cerca de 10,6 mil milhões de meticais (151,3 milhões de dólares). Desde que a Gemfields adquiriu a sua participação de 75% na MRM, em Fevereiro de 2012 – ano em que se iniciou a exploração mineira e dois anos antes do arranque dos leilões de rubis –, a mina acumulou receitas superiores a 77,2 mil milhões de meticais (1,1 mil milhões de dólares), tendo pago ao Estado cerca de 20 mil milhões de meticais (285,5 milhões de dólares) no mesmo período.
A actividade mineira na MRM foi retomada em Janeiro último, após uma interrupção motivada pela agitação social na região, na sequência da contestação pós-eleitoral relativa às eleições gerais de 9 de Outubro de 2024.