Os líderes do G7 vão reunir-se no Canadá, entre domingo (15) e segunda-feira (16), com a segurança internacional como tema central e a possibilidade de um encontro privado entre os Presidentes dos Estados Unidos e da Ucrânia, informou a agência Lusa esta sexta-feira, 13 de Junho.
Nesta cimeira, Donald Trump fará a sua estreia no segundo mandato presidencial em reuniões do G7, sendo que a presidência rotativa do grupo está, este ano, a cargo do país vizinho do norte, o Canadá. Trump regressa a este palco internacional depois de, num momento anterior, ter sugerido publicamente a integração do Canadá nos Estados Unidos.
O anfitrião será o novo primeiro-ministro canadiano, Mark Carney, antigo governador do Banco do Canadá e do Banco de Inglaterra, que assumiu funções em Março, substituindo Justin Trudeau. Carney procura evitar um episódio semelhante ao da cimeira do G7 de Charlevoix, em 2018, também organizada pelo Canadá, quando Trump abandonou a reunião antes do final, insultou Trudeau e ordenou a retirada da assinatura dos Estados Unidos do comunicado final.
“O Canadá está pronto para liderar”, afirmou Carney, ao apresentar a cimeira do grupo que, além do país anfitrião, integra ainda Alemanha, França, Itália, Japão, Reino Unido e a União Europeia.
O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, participará como convidado e manifestou na quinta-feira (12) a intenção de se encontrar com Trump à margem da cimeira. O objectivo de Zelensky é persuadir o Presidente norte-americano a adoptar novas sanções contra a Rússia, apesar da postura até agora reticente de Trump nesse sentido.
Segundo a agência espanhola EFE, o Canadá espera aproveitar a cimeira para restabelecer a estabilidade política e financeira mundial, num cenário marcado por crescente incerteza. Para tal, o país propõe-se reforçar alianças estratégicas e centrar a agenda em três eixos principais: desenvolvimento económico, paz e segurança, e aceleração da transição digital.
De forma a evitar fricções diplomáticas, a equipa de Carney já fez saber que não haverá um comunicado final conjunto tradicional, mas sim uma declaração da presidência. O Canadá pretende colocar a tónica em temas como a protecção das comunidades e do mundo, através do combate à interferência estrangeira e à criminalidade transnacional, bem como no reforço da segurança energética e no avanço da transformação digital.

O terceiro vector incidirá sobre o futuro económico, com a mobilização de grandes investimentos privados para o financiamento de infra-estruturas, a criação de empregos bem remunerados e a abertura de mercados dinâmicos.
Entre os temas da agenda incluem-se ainda discussões sobre uma paz justa e duradoura para a Ucrânia e outros conflitos globais, bem como a participação de países fora do G7, reforçando a componente de cooperação multilateral.
Carney vê esta cimeira de Kananaskis — local que acolheu uma reunião do grupo em 2002, quando ainda se designava G8, com a participação da Rússia — como uma oportunidade para reforçar o papel internacional do Canadá e atenuar tensões diplomáticas recentes.
“O Canadá tem o que o mundo precisa e os valores a que os outros aspiram”, afirmou o primeiro-ministro, sublinhando a importância da iniciativa.
Entre os convidados de Carney estão Claudia Sheinbaum, Presidente do México, com quem o Canadá procura restaurar relações afectadas pela guerra comercial liderada pelos Estados Unidos; Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, cuja presença surpreende após acusações de envolvimento no assassinato de um líder independentista ‘sikh’ no Canadá; e ainda os chefes de Governo da Austrália (Anthony Albanese), Brasil (Luiz Inácio Lula da Silva), Coreia do Sul (Lee Jae-myung) e África do Sul (Cyril Ramaphosa).
O G7 reúne-se anualmente para discutir questões económicas e geopolíticas globais, sendo esta edição particularmente marcada pela tensão diplomática, desafios económicos e os efeitos prolongados de conflitos regionais.