O director-geral da TotalEnergies em Moçambique, Maxime Rabilloud defendeu esta quarta-feira, 11 de Junho, em Maputo, um maior compromisso do sector privado com a promoção da liderança feminina no contexto da transição energética do País. A intervenção teve lugar durante a Cimeira e Aula Aberta da Rede de Mulheres em Energias Limpas e Acção Climática, uma iniciativa da MWE-Mozambique Women of Energy.
De acordo com um comunicado oficial, ao dirigir-se aos participantes, o responsável da multinacional francesa — que lidera o consórcio do projecto Mozambique LNG — sublinhou que “não é possível conceber projectos verdadeiramente enraizados na realidade social moçambicana sem a inclusão activa das mulheres, que representam mais de metade da população”, assinalou.
E partilhou dados sobre o progresso interno da TotalEnergies: “Em 2018, 20% dos cargos executivos de topo eram ocupados por mulheres; actualmente, essa proporção subiu para 30%”, afiançou, em relação ao que considera “um avanço importante, mas insuficiente. O nosso objectivo tem de ser a paridade”, afirmou.
Entre as iniciativas em curso do Projecto Mozambique LNG, destacou o programa de bolsas internacionais para estudantes moçambicanos, através do qual já foram atribuídas 100 bolsas nos últimos anos (metade das quais a mulheres), “com uma performance académica notável, o que só confirma que temos de continuar a investir.”
Para além da liderança corporativa, o Maxime Rabilloud chamou a atenção para a realidade energética quotidiana da maioria da população. Recordou que cerca de 70% da matriz de consumo energético nacional assenta na biomassa (lenha e carvão), e partilhou a sua experiência directa com comunidades da província de Cabo Delgado, onde testou, com mulheres locais, a tecnologia já existente dos fogões melhorados — uma alternativa mais segura e eficiente do que a queima de carvão vegetal.
“Estas tecnologias reduzem significativamente a emissão de fumo e monóxido de carbono, ao mesmo tempo que aliviam a carga física das mulheres, poupando-lhes tempo e protegendo a sua saúde”, destacou.
“A TotalEnergies reforça, assim, o seu compromisso com um modelo de transição energética inclusivo e sustentável”. Moçambique, afirmou o responsável, “ocupa uma posição estratégica na diversificação energética global da empresa.” Para além do gás natural — cuja composição, segundo o mesmo, é “uma das mais limpas do mundo, com zero emissões de CO₂” —, estão a ser desenvolvidos projectos em energias renováveis como a solar, hidroeléctrica e bioenergia.
A encerrar, o director-geral da TotalEnergies deixou um apelo claro à mobilização colectiva: “Tocar as vidas de centenas de mulheres é bom. Mas precisamos de alcançar milhões. E isso só conseguimos juntos: empresas, sociedade civil e Governo”, concluiu.
O projecto Mozambique Women of Energy (MWE) é uma plataforma nacional lançada em 2018, que visa inspirar, capacitar e apoiar jovens líderes femininas no sector energético. A iniciativa organiza-se em torno de quatro pilares — Think, Build, Connect e Lead — e actua em áreas como a formação técnica, programas de mentoria, acesso a oportunidades de financiamento e eventos de networking.
Com cerca de 400 membros activos, o MWE tem contado com o apoio institucional de entidades como a TotalEnergies, UN Women, APIEX e IPEME, contribuindo para consolidar uma nova geração de mulheres moçambicanas ligadas às energias limpas e à acção climática.