O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) escolheu o canal de Moçambique e a recuperação dos seus corais como um dos três exemplos de sucesso internacional na restauração de ecossistemas marinhos.
Segundo um comunicado conjunto do PNUMA e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), divulgado durante a 3.ª Conferência dos Oceanos da ONU, que decorre em Nice, co-organizada pela França e pela Costa Rica, esta distinção abrange em concreto a recuperação de uma zona “rica em corais” entre as Comores, Madagáscar, Moçambique e Tanzânia.
O documento, publicado pela Lusa, esclarece que, para além da região norte do canal de Moçambique, foram igualmente classificadas mais de 60 ilhas no México e a região do Mar Menor, em Espanha. “A região norte do canal de Moçambique abriga 35% dos recifes de coral encontrados em todo o oceano Índico e é considerada o seu viveiro e berçário, sendo ameaçada por práticas agrícolas, pesca predatória e mudanças climáticas”, avança.
O PNUMA detalha que os quatro países já estão a trabalhar na gestão, protecção e restauração de quase 87 200 hectares de paisagens terrestres e marinhas interconectadas, beneficiando tanto a natureza quanto as pessoas.
Aponta igualmente que com o “financiamento adequado, 4,85 milhões de hectares desta área podem ser restaurados até 2030, levando a um aumento de 30% na renda das populações locais e à criação de 2 mil empregos e 12 empresas comunitárias, integrando práticas tradicionais.”
“Após décadas a considerar o oceano como algo garantido, estamos a testemunhar uma grande mudança em direcção à restauração. Mas o desafio que temos pela frente é significativo e precisamos que todos façam a sua parte”, frisa.
Citado no documento, o director-geral da FAO, QU Dongyu, afirmou que a crise climática, as práticas de exploração insustentáveis e a redução dos recursos naturais estão a afectar os ecossistemas azuis, prejudicando a vida marinha e ameaçando os meios de subsistência das comunidades dependentes.
“Os projectos-chave da restauração ambiental demonstram que reverter a degradação não só é possível, como também benéfico para o planeta e para as pessoas.”