O Presidente da República, Daniel Chapo, recebeu na tarde desta quarta-feira, 11 de Junho, no seu gabinete de trabalho, o presidente executivo da multinacional italiana Eni, Claudio Descalzi, numa audiência que reafirmou a sólida parceria entre o País e a empresa energética. A reunião centrou-se na expansão do projecto Coral Norte e na concretização de novas iniciativas no sector agrícola, com elevado potencial de geração de emprego.
Segundo o comunicado de imprensa da Presidência da República, no final do encontro, Descalzi anunciou que a Eni obteve autorização oficial do Governo para o Plano de Desenvolvimento do projecto Coral Norte FLNG. Este é um passo decisivo que permitirá aumentar significativamente a produção de Gás Natural Liquefeito (GNL) a partir da Área 4 da Bacia do Rovuma.
“Coral Norte é o futuro, e o Presidente trouxe notícias muito interessantes e importantes, pois obtivemos a autorização para o Plano de Desenvolvimento, com todos os termos acordados. Isso significa que Coral Norte é agora uma realidade”, afirmou o CEO da Eni.
O encontro também serviu para fazer um balanço dos resultados do projecto Coral Sul, o primeiro a produzir GNL na Bacia do Rovuma. Segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), este projecto contribuiu com 50% do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 2023. As projecções indicam que, em 2025, poderá representar até 70% do crescimento económico do País.
Além do sector gasífero, a reunião foi também uma oportunidade para discutir a estratégia da Eni de diversificar as suas actividades no País, com destaque para a agricultura voltada à produção de biocombustíveis sustentáveis.
“Temos outro ponto muito importante para o País, que é a agricultura”, sublinhou Claudio Descalzi. Segundo o executivo, a aposta na agricultura não apenas contribui para a transição energética como também tem um impacto significativo no emprego rural.

“Agricultura é uma actividade intensiva em mão-de-obra. Com 150 mil hectares, por exemplo, produzimos cerca de 130 mil toneladas por ano, mas esse nível de produção pode gerar até 120 mil postos de trabalho. É um número enorme”, explicou.
A Eni já desenvolve projectos agrícolas deste tipo em mais de seis países africanos e pretende replicar o modelo em Moçambique, em estreita coordenação com o Governo local. “Se trabalharmos com 300 mil hectares, podemos gerar cerca de 300 mil empregos. É uma revolução. E o Presidente está muito focado na agricultura e na criação de empregos”, enfatizou Descalzi.
O CEO destacou ainda que, embora o sector do gás seja economicamente relevante, o número de postos de trabalho que gera é mais limitado. “Claramente, o desenvolvimento do gás é importante, mas é um sector intensivo em capital. Investe-se muito, mas depois surgem poucos postos de trabalho, especializados, talvez mil ou dois mil. Já com a agricultura, empregamos mais de 100 mil pessoas”, disse.
Também foi abordada a contribuição da Eni para a transição energética em Moçambique, incluindo projectos de compensação de carbono, como o programa “Cozinha Limpa”, que promove soluções mais eficientes energeticamente, bem como outras acções enquadradas no programa REDD+.
Para Descalzi, a audiência com o chefe do Estado foi altamente produtiva: “As duas coisas que são importantes são duas pernas para o País andar, mas também correr muito rápido, porque somos uma população muito jovem. Foi um encontro muito feliz, muito construtivo e, acima de tudo, muito positivo.”