O Governo moçambicano reafirmou esta quarta-feira (11) o compromisso de garantir o acesso universal à energia até 2030, com prioridade para a inclusão activa das mulheres em toda a cadeia de valor do sector energético.
A posição foi defendida pelo secretário permanente do Ministério dos Recursos Minerais e Energia (MIREME), António Manda, durante a Cimeira e Aula Aberta das Mulheres na Energia Limpa e Acção Climática organizada pela Graça Machel Trust em Maputo.
“Precisamos de transformar o nosso potencial energético em benefícios tangíveis para todos os moçambicanos — e isso inclui colocar as mulheres no centro da solução”, afirmou Manda sublinhando que mais de 40% da população ainda vive sem acesso a formas seguras e limpas de energia.
O governante destacou os avanços já registados através do programa “Energia para Todos”, que combina extensão da rede eléctrica nacional, instalação de mini-redes e promoção de sistemas solares autónomos. “Neste momento, a taxa de acesso ronda os 60%, mas o desafio é enorme, e exige inovação, regulação moderna e uma participação mais activa das mulheres”, disse.
Entre as medidas em curso, António Manda anunciou que o Executivo vai aprovar ainda este ano dois regulamentos fundamentais: o das concessões e o da taxa de acesso universal. “É com essa base legal que vamos atrair mais investimento e apoiar projectos de energia liderados por mulheres, garantiu.
Para além da expansão da infra-estrutura, o responsável do MIREME insistiu na necessidade de apostar em formações práticas e direccionadas para a acção, como o fabrico de painéis solares e o desenvolvimento de soluções energéticas comunitárias. “Queremos ver, no próximo ano, mulheres que digam: já tenho a minha própria fábrica de painéis”, desafiou.
Manda frisou ainda que os impactos da energia na vida quotidiana já são visíveis em várias zonas do País. “Mais crianças vão à escola, os centros de saúde funcionam melhor, há conservação de vacinas nas zonas rurais e muitos lares passaram a ter água potável”.
Apesar desses progressos, alertou que muitas comunidades ainda dependem da lenha e do carvão para cozinhar, com implicações directas para a saúde e bem-estar das mulheres. “A transição energética tem de ser feita com elas e para elas”, afirmou.
O Governo compromete-se, segundo António Manda, a continuar a integrar a perspectiva de género nos planos energéticos nacionais, garantindo que a Estratégia Nacional de Transição Energética seja também uma ferramenta de justiça social e igualdade.
“Há mulheres que já lideram projectos, operam sistemas solares e defendem causas ambientais. Mas precisamos de mais. Precisamos que elas estejam nos lugares de decisão, a desenhar e a implementar soluções para o presente e o futuro energético de Moçambique”, concluiu.
Texto: Felisberto Ruco