O diretor-geral da TotalEnergies no País, Maxime Rabilloud, convidou cerca de cem pessoas, incluindo empresas contratadas e subcontratadas pela companhia, para uma videoconferência no dia 27 de Maio, informou na segunda-feira, 9 de Junho, o portal de notícias Africa Intelligence.
Segundo o órgão, o objectivo foi discutir as novas condições de segurança introduzidas pela multinacional petrolífera no local de Afungi, onde estão previstas a construção de duas unidades do projecto Mozambique LNG (com capacidade total de 13,1 milhões de toneladas por ano).
Os 120 participantes, entre os quais se encontravam sobretudo representantes da CCS JV, o consórcio escolhido para liderar o projecto (integrado pela Saipem, McDermott International e Chiyoda), bem como subcontratados como a WBHO e a Gabriel Couto, tomaram conhecimento de que a área do parque de GNL na península de Afungi será totalmente inacessível por via terrestre quer para entregas de materiais, quer para circulação de pessoal. Suprimentos, materiais de construção e trabalhadores do local deverão, assim, chegar exclusivamente por mar ou por ar, uma vez que Afungi dispõe de uma pista de aterragem construída pela construtora Gabriel Couto.
Após uma apresentação de 20 minutos feita por Rabilloud, acompanhado por alguns dos seus principais colaboradores, a reunião terminou sem que os participantes pudessem colocar perguntas.
A segurança na província de Cabo Delgado tem-se deteriorado desde 2017, com a acção de grupos islâmicos autoproclamados tendo levado à declaração de um estado de emergência em Abril de 2021 e à suspensão temporária do projecto, oficialmente lançado em 2019 pelo antigo operador da TotalEnergies, a Anadarko. Dúvidas quanto à permanência a longo prazo dos 3500 soldados do exército ruandês deslocados para a região desde Julho de 2021 obrigam a empresa francesa a adoptar medidas drásticas.
O Africa Intelligence refere que para garantir a aplicação rigorosa do novo regime de segurança delineado por Rabilloud durante a reunião de 27 de Paio, será realizada uma auditoria de segurança junto de todas as empresas contratadas e subcontratadas.
Moçambique tem três projectos de desenvolvimento aprovados para exploração das reservas de gás natural da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo, todas localizadas ao largo da costa da província de Cabo Delgado.
Dois desses projectos têm maior dimensão e prevêem canalizar o gás do fundo do mar para terra, arrefecendo-o numa fábrica para depois o exportar por via marítima em estado líquido.
Um é liderado pela TotalEnergies (consórcio da Área 1) e as obras avançaram até à suspensão por tempo indeterminado, após o ataque armado a Palma, em Março de 2021, altura em que a energética francesa declarou que só retomaria os trabalhos quando a zona fosse segura. O outro é o investimento ainda sem anúncio à vista liderado pela ExxonMobil e Eni (consórcio da Área 4).
O projecto Coral Sul FLNG é operado pela Eni em nome da Mozambique Rovuma Venture (MRV), que inclui a major italiana ExxonMobil e a China National Petroleum Corporation (CNPC), com uma participação de 70%. Os restantes 30% estão repartidos em partes iguais entre a ENH, a Kogas e, mais recentemente, a ADNOC, que adquiriu uma participação de 10% anteriormente detida pela Galp.
O navio Coral Sul FLNG foi construído pelo consórcio de Technip Energies, JGC e Samsung Heavy Industries. Este mesmo trio está em conversações com a Eni sobre o fornecimento de um navio semelhante para a exploração de Coral Norte.