O antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, rejeitou a necessidade de reparações ao País pelo passado colonial português, defendendo em alternativa “boa cooperação” e investimentos em Moçambique por Portugal, mas também a reciprocidade.
“As reparações consistem em ter agora uma boa cooperação e investimentos. Passado algum tempo, os moçambicanos também já têm uma ideia de como se faz um investimento, assim podem também investir em Portugal, como os portugueses fazem no País”, afirmou o antigo chefe do Estado (1986 a 2005), em entrevista à Lusa.
O ex-dirigente acrescentou que há abertura para que os dois países possam crescer juntos, espalhando o sentimento de que “não há inferiores e superiores”, sustentando que após o colonialismo, as relações entre Moçambique e Portugal cresceram, “sobretudo porque as negociações foram baseadas em pessoas que estavam envolvidas na luta, sabiam o que cada um sofreu.”
Moçambique celebra, este ano, 50 anos de independência, neste sentido, Joaquim Chissano afirmou que os moçambicanos continuam a transmitir a mesma confiança que há 50 anos, apesar das dificuldades. “Creio que o nosso povo acredita que vamos operar transformações. O que precisamos é sempre ir corrigindo os desvios que acontecem para aumentar a nossa unidade e a nossa resiliência”.
Joaquim Chissano, 85 anos, é o mais antigo dos três ex-Presidentes ainda vivos, e um dos presidentes honorários da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), movimento em que se envolveu, na guerrilha, desde 1963, que recorda ter sido crucial no processo da independência.
Chissano sucedeu a Samora Machel, que proclamou a independência em 1975 e morreu num acidente aéreo em 1986, e foi também o primeiro Presidente da República de Moçambique eleito democraticamente, nas eleições multipartidárias de 1994.
A União Africana definiu 2025 como o ano da “Justiça para os Africanos e as Pessoas de Descendência Africana, através de Reparações”.