O Banco de Moçambique (BdM) estima que a inflação anual vai continuar a desacelerar nos próximos meses, influenciada pela decisão de isentar o Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) em alguns produtos básicos e de reduzir 60% as tarifas de portagens.
“No curto prazo, prevê-se a manutenção da tendência para desaceleração da inflação anual, a reflectir o impacto da isenção do IVA nos produtos básicos (açúcar, óleo alimentar e sabão), o ajustamento em baixa das tarifas de água e portagens e a queda dos preços de alimentos no mercado internacional, num contexto de estabilidade do metical”, avança o banco central.
Segundo o relatório de Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação, citado pela Lusa, o habitual inquérito aos agentes económicos “corrobora as perspectivas de desaceleração da inflação anual, já que as expectativas macroeconómicas dos agentes económicos reveladas no estudo de Maio apontam para uma inflação anual de 4,90% em Dezembro de 2025, o que representa uma revisão em baixa de 3 pontos base face às expectativas divulgadas no inquérito de Abril”.
“Contudo, persistem riscos e incertezas consideráveis, de natureza sobretudo interna, que impõem desafios à manutenção deste cenário, com destaque para os impactos do crescente agravamento da situação fiscal, a incerteza quanto à velocidade de recuperação da capacidade produtiva e de oferta de bens e serviços, assim como os efeitos dos choques climáticos”, esclarece.
Segundo dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), os preços no País registaram em Abril uma deflação de 0,38%, interrompendo um ciclo de sete meses consecutivos de aumentos. De acordo com o Índice de Preços no Consumidor (IPC), o recuo verificado em Abril foi sobretudo impulsionado pela queda nos preços da alimentação e das bebidas não alcoólicas, que contribuíram com 0,54 pontos percentuais negativos para a variação mensal.
Trata-se da quinta deflação registada no País no espaço de um ano, depois das quedas de preços ocorridas em Maio, Junho, Julho e Agosto de 2024.
Em termos homólogos, ou seja, comparando com Abril de 2024, a inflação situou-se nos 3,99%, uma desaceleração face aos 4,77% registados no final de Março. As maiores pressões inflacionistas vieram das divisões de alimentação e bebidas não alcoólicas, com um aumento de 8,79% num ano, e dos restaurantes, hotéis, cafés e similares, que subiram 7,18%.