A empresa Gemfields, listada em Londres, anunciou que mantém “contribuições governamentais sólidas” em Moçambique e na Zâmbia, países onde detém as minas de rubis e esmeraldas, através das mineradoras Montepuez Ruby Mining (MRM) e Kagem.
A informação consta de um documento partilhado com o Diário Económico, onde a entidade confirma igualmente os números do seu “Factor G para Recursos Naturais” para as minas de Kagem e MRM, que, segundo a empresa britânica, agora se situam em 20% e 25%, respectivamente, para o período de dez anos entre 2015-2024.
De acordo com a nota, o “Factor G para Recursos Naturais” revela a percentagem da receita proveniente de recursos naturais que é paga ao Governo do país de origem dos recursos explorados pela Gemfields. Este indicador também reflecte a eficiência das empresas de exploração dos recursos naturais na conversão desses recursos em receitas para o Governo anfitrião.
Anunciado pela primeira vez em 2021, a entidade divulga anualmente o seu “Factor G para Recursos Naturais” como parte de um esforço para promover maior transparência e responsabilidade quanto ao nível de riqueza gerada pelos recursos naturais que é partilhada com o Governo do país anfitrião, seja essa riqueza proveniente dos sectores de mineração, petróleo, gás, madeira ou pesca.
O CEO da Gemfields, Sean Gilbertson, declarou que os números de 2024 do “Factor G para Recursos Naturais” destacam os contrastes nas contribuições que uma empresa mineira pode oferecer ao país anfitrião, dependendo das condições operacionais e de mercado vigentes. Conforme o responsável, apesar de um contexto nacional desafiante, a Montepuez Ruby Mining conseguiu devolver uns sólidos 24% da sua receita ao Governo de Moçambique, “graças a um mercado resiliente para rubis.”

“Por outro lado, as difíceis condições de mercado amplamente documentadas para esmeraldas zambianas no segundo semestre de 2024 afectaram a rentabilidade da Kagem. De facto, a Kagem reportou prejuízos, suspendeu as operações mineiras no final do ano e viu o seu Factor G a cair consideravelmente para apenas 9%”, descreveu.
“As operações de lavra focadas foram retomadas em Maio de 2025 e, caso as condições de mercado para esmeraldas zambianas continuem a melhorar, espera-se que o Factor G da Kagem volte à média de longo prazo, em torno de 19%”, acrescentou.

O CEO recordou que, embora 2024 tenha sido um ano fraco para a Kagem, “continuamos comprometidos com a transparência e esperamos que esta franqueza incentive outros, permitindo que os governos anfitriões e os seus cidadãos compreendam melhor o desempenho dos gestores dos seus recursos.”
Líder mundial na mineração responsável e comercialização de pedras preciosas coloridas, a Gemfields é também operadora e proprietária de 75% da mina de esmeraldas Kagem, na Zâmbia, apresentada como “a maior mina de esmeraldas do mundo”. Detém também licenças de amostragem a granel na Etiópia.