O Instituto Superior de Transportes e Comunicações (ISUTC), em colaboração com a Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), procedeu esta quarta-feira, 4 de Junho, ao lançamento oficial da segunda edição do Programa Avançado em Finanças Aplicadas, iniciativa que visa aprofundar as competências dos profissionais moçambicanos em matérias financeiras com enfoque aplicado.
A cerimónia, que decorreu em Maputo, reuniu membros da direcção da BVM, docentes, representantes institucionais e ex-formandos da edição anterior. O evento serviu igualmente de palco para a entrega oficial dos diplomas aos participantes da edição de 2024.
Formação com impacto comprovado
Lançado pela primeira vez em 2024, o programa ofereceu 180 horas de formação especializada e formou mais de 15 profissionais oriundos de diversas organizações, tanto do sector público como do sector privado. Com base nos resultados e no elevado grau de satisfação (superior a 90%), a edição de 2025 introduz melhorias significativas, mantendo o foco na aplicabilidade prática e actualizando conteúdos conforme a evolução do sistema financeiro nacional.
Segundo a directora do ISUTC Executive Education, Cheila Hoana, foram tidas em consideração as recomendações dos participantes do ano anterior, o que permitiu o ajustamento de metodologias e o reforço de temas críticos como o mercado de capitais, gestão de risco e planeamento financeiro.
A responsável explicou que as inscrições para a nova edição estão oficialmente abertas, com 30 vagas disponíveis, número definido por razões “pedagógicas, com o objectivo de garantir uma experiência formativa personalizada e de alta qualidade”. O curso dirige-se a quadros médios e superiores que actuem nas áreas das finanças, banca, seguros, auditoria, consultoria ou gestão estratégica.
O papel da BVM
Por sua vez, o presidente do Conselho de Administração da BVM, Pedro Cossa, destacou o valor estratégico da formação para o desenvolvimento do mercado de capitais no País. Na sua intervenção, reforçou que “a BVM vê este programa como uma resposta concreta à necessidade de fortalecer a literacia financeira nacional e criar uma base de profissionais preparados para operar num mercado cada vez mais complexo.”

O responsável referiu que muitos dos executivos no País ainda revelam desconhecimento sobre o funcionamento do mercado de capitais, o que se traduz numa limitação prática no aproveitamento de oportunidades de financiamento e investimento. Mencionou o caso real de uma empresa cotada que, embora reunisse condições para captar financiamento através da Bolsa, não estava suficientemente preparada nem informada sobre os instrumentos disponíveis, como obrigações ou papel comercial.
Segundo Pedro Cossa, o programa contribui para colmatar estas lacunas, ensinando os formandos a compreender os principais segmentos do mercado financeiro: capital, monetário e cambial, e a integrar este conhecimento na gestão prática das organizações. “O nosso objectivo não é apenas formar profissionais, mas formar líderes financeiros com capacidade de decisão, análise e inovação”, afirmou.
O presidente da BVM sublinhou ainda que o País está a viver um momento importante, com a regulamentação iminente dos fundos de investimento e a revisão do regulamento das parcerias público-privadas (PPP), o que poderá facilitar a dispersão de capital de grandes empresas em bolsa e permitir que mais cidadãos nacionais se tornem investidores activos. Para que isso aconteça de forma efectiva e inclusiva, é essencial que haja um maior número de profissionais preparados para liderar este processo.
Docentes com vasta experiência e ligação ao mercado
Cheila Hoana explicou que o corpo docente do programa é composto por profissionais com décadas de experiência no sector financeiro, tanto em Moçambique como no exterior. A ligação directa dos formadores ao mercado é vista como um dos factores diferenciadores do curso, oferecendo uma abordagem prática e contextualizada às necessidades das empresas nacionais.

Durante o evento, os formadores tiveram oportunidade de interagir com o público e responder, de forma directa e provocadora, a questões sobre os principais erros na gestão financeira empresarial, desafios da tesouraria e as oportunidades frequentemente desperdiçadas por falta de formação técnica.
Compromisso com a capacitação nacional
A direcção do ISUTC reiterou que esta aposta na formação de executivos se enquadra na sua missão de contribuir activamente para o desenvolvimento de competências técnicas especializadas, com impacto directo no desempenho das organizações e no fortalecimento da economia nacional.
“O Programa Avançado em Finanças Aplicadas 2025 representa não apenas uma continuação, mas um salto qualitativo na estratégia de formação executiva do ISUTC e da BVM. Ambas as instituições manifestaram a intenção de manter e expandir a parceria, criando novas iniciativas formativas que respondam à crescente procura por conhecimento especializado nas áreas económicas e financeiras”, explicou Cheila Hoana.
Os interessados em participar poderão obter mais informações junto do ISUTC Executive Education, através dos seus canais oficiais. As inscrições decorrem até ao preenchimento total das vagas.
Texto: Nário Sixpene