As negociações para a criação de corredores de fauna entre Moçambique, a África do Sul e o Reino de Essuatíni encontram-se numa fase avançada. O anúncio foi feito por Sibusiso Bukhosini, director executivo do Isimangaliso Wetland Park, no âmbito das comemorações do Dia Mundial do Ambiente, informou esta quinta-feira, 5 de Junho, a estação de rádio sul-africana East Coast Radio (ECR).
Segundo o órgão, a iniciativa visa permitir que os animais circulem livremente entre os três países, contribuindo para a restauração de equilíbrios ecológicos e o combate a práticas ilegais como a pesca furtiva. A medida insere-se num esforço mais amplo de conservação transfronteiriça na região sul de África.
“O Isimangaliso está a estender-se da África do Sul até Moçambique, o que significa que o Parque Nacional de Maputo será, após a conclusão do processo, reconhecido como Património Mundial”, afirmou Bukhosini, destacando que “isso permitirá uma cooperação ainda mais efectiva entre os dois países em matéria de conservação ambiental.”
Com esta ligação entre áreas protegidas, espera-se melhorar o fluxo natural da biodiversidade, facilitar migrações de espécies e reforçar a vigilância contra a exploração ilegal de recursos naturais.
Gestão do Estuário de Santa Lúcia também em foco
Durante a mesma intervenção, Bukhosini revelou que estão em curso esforços para intervir no Estuário de Santa Lúcia (St. Lucia Estuary), localizado na província sul-africana de KwaZulu-Natal, e que tem sido afectado pelo encerramento prolongado da foz do rio.
De acordo com o responsável, os rios represados têm provocado inundações em terrenos agrícolas vizinhos, afectando as comunidades locais e criando pressões económicas e sociais adicionais.
“Escoar a água destas explorações inundadas não é uma solução sustentável. É urgente que o Governo colabore connosco na procura de terrenos alternativos para estas populações, onde possam exercer a agricultura sem o risco constante de cheias”, disse o responsável.
A gestão artificial da foz do rio e a busca de soluções estruturais para o problema são agora prioridades para o parque e para as autoridades ambientais locais.
Cooperação transfronteiriça vista como modelo para a região
O projecto de conectividade ecológica entre Moçambique, África do Sul e Essuatíni integra uma abordagem de gestão integrada dos ecossistemas e é considerado um exemplo de boas práticas na cooperação ambiental regional.
Ao facilitar o movimento de espécies entre áreas protegidas, os corredores de fauna têm o potencial de reduzir conflitos entre humanos e animais, aumentar a resiliência ecológica face às alterações climáticas e criar novas oportunidades para o ecoturismo sustentável.
O reconhecimento do Parque Nacional de Maputo como Património Mundial reforçará o estatuto de Moçambique como parceiro-chave na conservação da biodiversidade africana e abre novas possibilidades de financiamento e apoio técnico internacional.