O Banco de Moçambique registou, no primeiro trimestre de 2025, um reforço significativo da cobertura geográfica dos serviços financeiros, impulsionado sobretudo pelo dinamismo dos agentes bancários e das Instituições de Microfinanças (IMF) em todo o território nacional.
De acordo com dados do BdM consultados pelo Diário Económico (DE) esta quarta-feira (4), no período em causa, o número de agências bancárias sofreu uma ligeira redução, mantendo-se em 9 agências por cada 10 000 km², mas foi amplamente compensado pelo acréscimo de agentes financeiros.
Em Março de 2025, contavam-se 13 agentes bancários por cada 10 000 km², distribuídos por 3 em zonas urbanas e 5 em zonas rurais, o que facilitou o acesso a serviços bancários em localidades antes sub-atendidas. De igual modo, os agentes das IMF atingiram aproximadamente 3941 por cada 10 000 km², reforçando o papel destas instituições na inclusão financeira das regiões mais distantes.
No tocante às contas por área, registou-se um aumento de 1,45% no número de contas bancárias por 10 000 km², passando de 77 068 no quarto trimestre de 2024 para 78 189 neste primeiro trimestre.
Destas contas, 26 115 pertencem a mulheres e 49 238 a homens, reflectindo o esforço de inclusão de ambos os géneros. Em relação às contas registadas nas IMF, verificou-se um crescimento de 2,65%, ao passarem de 259 000 para 265 890 por 10 000 km², sendo aproximadamente 122 036 em nome de mulheres e 143 693 em nome de homens.
O parque de cartões bancários também evidenciou uma evolução favorável, subindo de 39 404 para 41 382 por cada 10 000 km², o que representa um acréscimo de 5,02%. Destes, 14 882 são detidos por mulheres e 24 517 por homens. Do total, 38 529 correspondem a cartões de débito e 1271 a cartões de crédito, sinalizando a preferência pelos meios de pagamento correntes, sobretudo nas zonas onde a bancarização formal ainda não tem muita expressão.
Estes indicadores mostram que, apesar da ligeira contracção no número de agências bancárias, a rede de agentes bancários e de IMF alargou a disponibilidade de produtos e serviços financeiros a cada vez mais comunidades, contribuindo para a dinamização económica e para a atenuação das assimetrias regionais.
O Banco de Moçambique sublinha, porém, que persistem desafios. “É fundamental continuar a diminuir as disparidades de género, assegurando que mais mulheres tenham acesso a produtos financeiros formais, e reforçar a formação e supervisão dos agentes em zonas isoladas, de modo a garantir a qualidade dos serviços prestados.”
“O apoio às IMF como vector de inclusão das regiões rurais continuará a ser uma prioridade, assim como a promoção de programas de literacia financeira que permitam a famílias e micro e pequenas empresas tirar pleno proveito da expansão da cobertura geográfica.”