A actividade mineira da empresa África Mining, de capitais chineses, permanece suspensa há cinco meses no distrito de Pebane, província da Zambézia, devido à ocupação das instalações e infra‑estruturas por parte de membros da comunidade local, que contestam o alegado incumprimento de promessas sociais feitas pela empresa.
Segundo a Rádio Moçambique, a paralisação teve início com acções de protesto da população, que acusa a África Mining de não ter cumprido os compromissos assumidos com as comunidades afectadas pela exploração de areias pesadas. A situação levou à interrupção total das operações no local, sem previsão oficial para o seu reatamento.
O representante da empresa em Pebane, Coutinho Eugénio, apelou esta semana à intervenção urgente do Governo, de forma a garantir condições de segurança e estabilidade para que a exploração mineira possa ser retomada. “A população continua a impedir qualquer actividade, criando um ambiente de tensão que compromete a continuidade do investimento”, afirmou.
Os residentes das zonas circundantes da concessão alegam que a empresa não concretizou acções de responsabilidade social anteriormente prometidas, tais como apoio à saúde, educação e infra‑estruturas comunitárias. A ausência de resposta formal da parte da empresa ou das autoridades locais tem alimentado o descontentamento popular e mantido o bloqueio activo.
Este impasse coloca em risco postos de trabalho locais e receitas fiscais para o distrito, além de lançar dúvidas sobre a sustentabilidade do investimento estrangeiro em sectores sensíveis como o mineiro, frequentemente marcados por conflitos fundiários e expectativas sociais não correspondidas.
A situação em Pebane surge num momento em que o Governo tem vindo a reiterar o compromisso com a mineração responsável e inclusiva, pedindo às empresas que operam no sector que cumpram os acordos celebrados com as comunidades e respeitem as normas ambientais e sociais vigentes.
Até à data, não foram divulgados detalhes sobre eventuais negociações em curso entre a empresa, os líderes comunitários e as autoridades distritais. A continuidade do bloqueio poderá vir a comprometer a viabilidade do projecto e aumentar o risco de conflitos prolongados na região.