A exploração de grafite na mina de Balama, operada pela empresa australiana Syrah Resources, foi oficialmente retomada após vários meses de paralisação devido a protestos comunitários relacionados com reivindicações de compensações fundiárias. A retoma foi possível na sequência de uma operação das Forças de Defesa e Segurança (FDS), que resultou na expulsão de residentes de oito aldeias vizinhas da concessão mineira.
Fontes ligadas à empresa confirmaram que as actividades reiniciaram há cerca de duas semanas, ainda de forma limitada, devido à necessidade de trabalhos de limpeza, reparação e manutenção de equipamento que se encontrava inoperacional desde Outubro de 2024. Embora a presença de manifestantes tenha sido removida, parte das instalações continua sob elevadas medidas de segurança.
“Os trabalhos na mina já começaram, mas, por força maior, os manifestantes foram expulsos. Foi necessária a intervenção da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), com recurso a blindados, gás lacrimogéneo e perseguições”, relatou uma fonte interna da empresa, sob anonimato.
As comunidades de Balama-sede, Pirira, Mualia, Ntete, Ncuite, Marica, 7 de Setembro e Nacole estiveram envolvidas na contestação, exigindo uma indemnização justa pela posse das suas terras ocupadas ou afectadas pelo projecto mineiro. Até ao momento, segundo as fontes locais, não foi apresentada qualquer proposta formal de compensação.
A mesma fonte revelou que os 12 membros da comunidade anteriormente detidos pelas autoridades foram libertados, mas encontram-se sob vigilância local. Ainda assim, o ambiente permanece tenso: “Mesmo com os protestos dispersos, a circulação das famílias nos arredores da mina continua a ser considerada perigosa, até para actividades básicas, como a recolha de lenha ou estacas para construção”, referiu.
A mina de Balama é uma das maiores operações de grafite do mundo e constitui uma infra-estrutura estratégica para Moçambique, com impacto directo nas exportações e no investimento estrangeiro. No entanto, o episódio recente evidencia os desafios persistentes na gestão de conflitos entre interesses empresariais e direitos das comunidades locais, nomeadamente no acesso à terra e ao processo de indemnização.
Fonte: Carta de Moçambique