As autoridades anunciaram a detenção de dois indivíduos suspeitos de envolvimento no rapto de uma criança de 8 anos, filho de um conhecido empresário da cidade de Maputo. O caso ocorreu a 27 de Maio no bairro de Sommerschield, zona nobre da capital, quando o menor, acompanhado da mãe a caminho da madrassa, foi forçado a entrar numa viatura em movimento por quatro indivíduos ainda por identificar.
A vítima, filho do proprietário da cadeia de supermercados Novo Mundo, foi libertada horas depois, em Marracuene, nos arredores de Maputo, “após acentuada pressão policial.”
Segundo o Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), os raptores entraram em contacto com a família para comunicar o local onde haviam abandonado a criança, permitindo a sua recuperação sem ferimentos visíveis.
De acordo com o porta-voz do organismo, João Adriano, um dos detidos é um antigo motorista da própria família da vítima. “Tinha contactos telefónicos com os familiares e foi a partir desse canal que os sequestradores exigiram o pagamento de um resgate”, indicou. Os dois suspeitos foram detidos nos dias 28 e 29 de Maio, estando na posse de uma pistola e de uma faca.
Este novo episódio volta a expor a vulnerabilidade de famílias empresariais à criminalidade organizada em Moçambique, sobretudo na capital. Segundo dados do Ministério Público, entre 2011 e Março de 2025 foram registados 205 casos de rapto, dos quais 133 em Maputo, com 302 detenções efectuadas ao longo do mesmo período.
Só em 2024, foram instaurados 32 processos, com 13 vítimas resgatadas, 21 suspeitos detidos, seis armas de fogo apreendidas e três cativeiros desmantelados, revelando a persistência e sofisticação destas redes. As vítimas são, em grande parte, empresários ou seus familiares, frequentemente alvo de grupos com ramificações transnacionais, incluindo ligações à vizinha África do Sul.
A Confederação das Associações Económicas de Moçambique estima que, nos últimos 12 anos, cerca de 150 empresários tenham sido raptados, dos quais pelo menos 100 abandonaram o País por razões de segurança, o que tem vindo a afectar negativamente a confiança do sector privado e o ambiente de investimento.
Fonte: Lusa