Investigadores alemães desenvolveram betão a partir de um resíduo que raramente é utilizado na indústria da construção: a urina. O material é o resultado de um processo de biomineralização, que consiste na utilização de organismos vivos para converter substâncias orgânicas em inorgânico – neste caso, transformando a ureia em cristais de carbonato de cálcio.
Denominado SimBioZe, o bioconcreto foi criado quando os investigadores do Instituto de Estruturas Leves e Design Conceptual (ILEK) da Universidade de Stuttgart reconheceram que a urina era um recurso abundante mas pouco explorado. O projecto foi publicado num artigo científico na revista npj Materials Sustainability, da Nature.
Com o apoio do Ministério da Ciência, Investigação e Artes do Estado de Baden-Württemberg, no sudoeste da Alemanha, o estudo de viabilidade inicial demonstrou com sucesso que é possível converter a urina em bioconcreto ecológico.
Embora o betão continue a ser o material de construção mais utilizado no mundo – com cerca de 4 mil milhões de toneladas produzidas anualmente -, o seu elevado custo ambiental levou o sector da construção a procurar alternativas mais sustentáveis.
“Misturamos um pó contendo bactérias com areia, colocamos esta mistura num molde e, ao longo de três dias, aplicamos urina enriquecida com cálcio através de um processo automatizado”, explicou Maiia Smirnova, investigadora do ILEK. “A decomposição da ureia pelas bactérias, combinada com a adição de cálcio à urina, provoca o crescimento de cristais de carbonato de cálcio”, concluiu.
Este processo solidifica a mistura de areia em bioconcreto, produzindo um material que é quimicamente semelhante ao arenito calcário natural. “Dependendo do molde, os elementos podem ser criados em diferentes formas e tamanhos, com uma profundidade máxima actual de 15 centímetros”, acrescentou.
De acordo com os investigadores, a areia industrial é uma opção mais resistente do que os outros materiais biomineralizados testados, permitindo criar betão com uma resistência à compressão superior a 50 MPa (Megapascal). A equipa afirma que resistências entre 30 e 40 MPa são suficientes para construções de até três andares.
Fonte: Época Negócios