O Departamento de Nutrição do Ministério da Saúde (MISAU) fez saber que mais de 60% das crianças moçambicanas enfrentam limitações no seu desenvolvimento durante a primeira infância, salientando que apenas “39% das crianças dos 2 aos 5 anos está no bom caminho em termos de desenvolvimento.”
De acordo com Marla Amaro, chefe de Departamento de Nutrição do MISAU, as limitações são mais visíveis nas crianças residentes, principalmente na província de Nampula, na região norte do País, uma situação associada a factores multissectoriais, com destaque para os desafios na alimentação, num contexto em que, em Moçambique, existem 13 milhões de crianças, das mais de 16 milhões, a viverem em situação de pobreza.
“Os dados evidenciam profundas lacunas. Somente 39% das crianças entre 24 e 59 meses estão no bom caminho em termos de saúde, da aprendizagem e do bem-estar psicossocial. As disparidades entre as zonas urbanas e rurais são um alerta que não podemos ignorar”, frisou.
O documento destaca também o fosso entre o meio rural e o urbano, referindo que a pobreza infantil nas zonas rurais é aproximadamente três vezes maior do que nas cidades. Esta disparidade acentua-se quando analisadas outras variáveis, como o acesso à educação, nutrição, saúde, protecção e água potável.
“A pobreza infantil é mais do que a falta de recursos. Ela compromete o acesso à educação, à saúde, à nutrição adequada, à protecção e ao direito a uma infância plena, e compromete, inevitavelmente, o desenvolvimento sustentável do País.”
Neste sentido, a entidade das Nações Unidas apela à adopção de políticas públicas mais inclusivas e de respostas integradas que acompanhem a criança desde a primeira infância até à adolescência. Defende ainda o reforço da protecção social, a criação de mecanismos de resiliência aos choques económicos e ambientais, bem como a utilização de dados como base para o planeamento, monitorização e avaliação de estratégias centradas na criança.