O presidente da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB), Tomás Matola, considerou que a posição de 7,5% que a portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN) tem naquela empresa moçambicana é “importante” para o posicionamento de Portugal no País.
“Penso que é importante, do ponto de vista do posicionamento de Portugal nas ex-colónias e também do ponto de vista de alguma receita, porque os dividendos que a empresa tem pago, mesmo por esses 7,5%, têm sido significativos para a REN”, afirmou Tomás Matola, numa entrevista à Lusa, à margem da 2.ª Conferência de Energia CPLP.
De acordo com a agência portuguesa, Matola destacou como foi feito o processo de reversão, com uma passagem do controlo da HCB e da sua gestão de portugueses para moçambicanos em 2007, altura em que a REN reduziu a sua participação no capital. “Actualmente, a REN tem uma posição não executiva, no Conselho de Administração. No entanto, continuamos com o processo de troca de experiências e também com a cooperação estratégica”, detalhou.
O responsável explicou que a gestão da empresa é feita pelos moçambicanos, porque houve, de facto, uma boa passagem de conhecimento, importante para o desenvolvimento de outros projectos de energia em Moçambique.
“Houve um desenvolvimento de capacidades em Moçambique, quer da parte da HCB, quer do lado da Electricidade de Moçambique, o que influenciou a modernização das linhas do sistema de transporte de energia”, frisou.
A 2.ª Conferência de Energia da CPLP aconteceu entre terça e quarta-feira (27 e 28 de Maio) no Estoril, em Portugal, sob o tema “Impulsionando uma Transição Energética Resiliente, Sustentável e Inclusiva para a CPLP”, com um ponto de encontro de governantes, financiadores, empresários e especialistas do sector de energia.
A HCB celebra este ano 50 anos de existência, e é uma das maiores infra-estruturas de geração de energia da África Austral. A empresa foi criada durante o período colonial português, com a construção da barragem entre 1969 e 1 de Junho de 1974. O enchimento da albufeira teve início logo após a conclusão da estrutura, e a operação comercial arrancou em 1977, com a entrada em funcionamento dos primeiros três geradores e uma potência de 960 MW. Actualmente, a capacidade instalada é de 2075 MW.
Instalada numa estreita garganta do rio Zambeze, a albufeira de Cahora Bassa é a quarta maior do continente africano, com cerca de 270 quilómetros de comprimento, 30 quilómetros de largura máxima e uma área total de 2700 quilómetros quadrados. A profundidade média ronda os 26 metros.
Actualmente, a HCB é uma sociedade anónima de direito privado, detida em 85% pela estatal Companhia Eléctrica do Zambeze, 7,5% pela portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN), 3,5% de acções próprias e 4% distribuídos por cidadãos, empresas e instituições moçambicanas.
A central emprega actualmente cerca de 800 trabalhadores e é considerada uma peça-chave no fornecimento de energia eléctrica ao País e à região, incluindo grandes consumidores como a Mozal, bem como operadoras energéticas de países vizinhos como África do Sul e Zimbabué, através da rede regional SAPP (Southern African Power Pool).