A Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) adquiriu em 2024 cerca de 2,4 mil milhões de meticais (38 milhões de dólares) em bens e serviços junto de empresas nacionais, representando um aumento de 85% face a 2020, ano em que o valor rondava os 1,3 mil milhões de meticais (20 milhões de dólares).
A informação foi avançada esta quarta-feira (21), em Maputo, pelo administrador-executivo da HCB, Ermínio Chiau, durante a conferência de celebração dos 50 anos da empresa.
“O compromisso da HCB com o desenvolvimento económico nacional é inequívoco. Só em 2024, adquirimos cerca de 2,4 mil milhões de meticais (38 milhões de dólares) em bens e serviços no mercado interno, comparados com 1,3 mil milhões de meticais (20 milhões de dólares) em 2020”, afirmou Ermínio Chiau, sublinhando o papel da empresa no estímulo às pequenas e médias empresas moçambicanas.
O responsável destacou ainda que esta política de compras locais permite não apenas a geração de emprego, mas também o fortalecimento da capacidade industrial nacional. “Estamos a trabalhar com empresas locais, encorajando-as a obter certificações e a implementar planos de formação. Esta abordagem impulsiona a industrialização, promove a inclusão económica e assegura que os benefícios da actividade da HCB chegam efectivamente às comunidades”, acrescentou.
A aposta no conteúdo local insere-se na estratégia da HCB para consolidar o seu papel enquanto empresa pública rentável e socialmente responsável, tendo contribuído em 2024 com mais de 14 mil milhões de meticais (221 milhões de dólares) em lucros para o sector empresarial do Estado.

A Conferência decorre no âmbito da celebração dos 50 anos da HCB, uma das maiores infra-estruturas de geração de energia da África Austral. A empresa foi criada durante o período colonial português, com a construção da barragem entre 1969 e 1 de Junho de 1974. O enchimento da albufeira teve início logo após a conclusão da estrutura, e a operação comercial arrancou em 1977, com a entrada em funcionamento dos primeiros três geradores e uma potência de 960 MW. Actualmente, a capacidade é de 2075 MW.
Instalada numa estreita garganta do rio Zambeze, a albufeira de Cahora Bassa é a quarta maior do continente africano, com cerca de 270 quilómetros de comprimento, 30 quilómetros de largura máxima e uma área total de 2700 quilómetros quadrados. A profundidade média ronda os 26 metros.
A HCB é hoje uma sociedade anónima de direito privado, detida em 85% pela estatal Companhia Eléctrica do Zambeze, 7,5% pela portuguesa Redes Energéticas Nacionais (REN), 3,5% de acções próprias e 4% distribuídos por cidadãos, empresas e instituições moçambicanas.
A central emprega actualmente cerca de 800 trabalhadores e é considerada uma peça-chave no fornecimento de energia eléctrica ao País e à região, incluindo grandes consumidores como a Mozal, bem como operadoras energéticas de países vizinhos como África do Sul e Zimbabué, através da rede regional SAPP (Southern African Power Pool).
Texto: Felisberto Ruco