A produção da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) caiu para 10,3 gigawatt-hora (GWh) como consequência da seca extrema que afecta a bacia do rio Zambeze desde o final de 2023. Segundo Tomás Matola, PCA da HCB, “esta é a seca mais severa dos últimos 40 anos. Desde a sua criação entre 1969 e 1 de Junho de 1974, a HCB nunca tinha enfrentado uma situação semelhante.” A declaração foi feita durante a Conferência Internacional dos 50 Anos da HCB, realizada esta quarta-feira (21), em Maputo, sob o lema “Ontem, Hoje e o Futuro – Uma Empresa Estratégica”.
A seca, provocada pelo fenómeno climático El Niño, comprometeu de forma significativa a capacidade de geração de energia da empresa. De acordo com Matola, “não se trata de um problema de gestão da água, mas sim de um fenómeno natural que está fora do nosso controlo.”
Apesar da redução acentuada da produção, a HCB continua a assegurar o fornecimento mínimo de energia aos seus principais clientes: África do Sul, Maláui e Zimbabué. A decisão de reduzir a produção foi tomada com base em modelos científicos, com o objectivo de garantir a sustentabilidade da barragem até à próxima época chuvosa.
“Os modelos indicam-nos que, com esta produção reduzida, conseguimos manter a operação até ao início da próxima estação das chuvas, sem comprometer a segurança da barragem”, explicou Matola. O responsável adiantou ainda que o nível de armazenamento da albufeira pode descer até aos 20%, sem colocar em risco o funcionamento da hidroeléctrica.
Matola sublinhou que a empresa recorre a tecnologia avançada para tomar decisões fundamentadas. “Não usamos o fogo de cilindro. Utilizamos modelos científicos e equipamentos tecnologicamente desenvolvidos, que nos orientam sobre o que deve ser feito em cada momento”, afirmou. As medições da produção são realizadas e divulgadas diariamente, garantindo transparência na gestão dos recursos hídricos.

Em 2023, a produção foi reduzida no segundo semestre, o que permitiu encerrar o ano com uma geração total de 15 mil GWh e recuperar o nível de armazenamento para 36%. Actualmente, esse nível está nos 85%, o que proporciona alguma margem de segurança para manter a operação, ainda que em níveis reduzidos.
Reconhecida pela Autoridade Tributária como o maior contribuinte em 2024, a HCB mantém também acções de responsabilidade social nas áreas da educação, saúde, desporto, cultura e infra-estruturas. “A HCB é um grande instrumento financeiro para o investimento”, destacou Matola.
Com os olhos postos no futuro, a empresa pretende diversificar e aumentar a sua capacidade de produção de energia. O plano estratégico para o período 2025-34 prevê alcançar uma capacidade instalada de 4 mil megawatts (MW), com investimentos em fontes renováveis, como a energia solar (fotovoltaica), eólica e também térmica. “Queremos tornar a HCB uma das maiores produtoras de energia em África”, concluiu o PCA da HCB.
Texto: Florença Nhabinde