O vice-presidente e tesoureiro do Banco Mundial, Jorge Familiar, foi a figura central da sessão “Conversa ao Redor da Lareira e Perguntas e Respostas: Explorando Oportunidades e Desafios das Moedas Digitais com o Tesouro do Banco Mundial”, no âmbito da Cimeira da Juventude (WBG Youth Summit 2025), organizada pelo Banco Mundial. Perante uma audiência global composta por jovens líderes e empreendedores, o responsável apresentou a visão da instituição sobre o futuro das finanças digitais, o papel da sustentabilidade e a importância da inclusão financeira para o desenvolvimento.
Com uma carreira de quase 20 anos em diferentes áreas do Grupo Banco Mundial, Jorge Familiar explicou que o Tesouro da instituição gere actualmente um portefólio impressionante. Entre outras responsabilidades, administra cerca de 2,56 biliões de meticais (40 mil milhões de dólares) em fundos de pensões, 4,48 biliões de meticais (70 mil milhões de dólares) em fundos fiduciários, 12,8 biliões de meticais (200 mil milhões de dólares) em carteiras de investimento e 19,2 biliões de meticais (300 mil milhões de dólares) em dívida soberana. Adicionalmente, coordena aproximadamente 38,4 biliões de meticais (600 mil milhões de dólares) em transacções destinadas à gestão de risco financeiro.
Todos estes montantes são mobilizados com um compromisso claro com a inovação e o desenvolvimento sustentável. Familiar destacou que o Banco Mundial tem sido pioneiro na criação de instrumentos financeiros inovadores, como o primeiro título verde emitido em 2008 e o primeiro título digital baseado em blockchain, lançado em 2018. Mais recentemente, a instituição avançou para emissões digitais liquidadas com moedas digitais de bancos centrais.
Com uma carreira de quase 20 anos em diferentes áreas do Grupo Banco Mundial, Jorge Familiar explicou que o Tesouro da instituição gere actualmente um portefólio impressionante.
Projecto Promessa e digitalização de compromissos soberanos
Um dos exemplos mais concretos da inovação é o Projecto Promessa, uma iniciativa que utiliza tecnologia blockchain para digitalizar notas promissórias soberanas — documentos que formalizam os compromissos financeiros dos países doadores à Associação Internacional de Desenvolvimento (IDA). Jorge Familiar explicou que estes documentos ainda circulam em papel e são processados manualmente, muitas vezes com deslocações físicas entre cidades. A proposta é digitalizar todo o sistema, criando mais transparência, segurança e eficiência.
Sustentabilidade com retorno financeiro
Durante a sessão, Jorge Familiar também deu destaque aos chamados títulos vinculados a resultados, cujo retorno financeiro depende do sucesso de projectos de desenvolvimento. Um exemplo citado foi uma emissão destinada à conservação de rinocerontes na África do Sul, onde os investidores só recebem os juros se as metas de conservação forem atingidas. Outro caso mencionado envolveu um projecto de reflorestação no Brasil, onde os lucros para os investidores virão da venda de créditos de carbono adquiridos pela Microsoft.

“Este é o futuro das finanças: retorno financeiro aliado a impacto real e mensurável”, afirmou Familiar, sublinhando a importância crescente de alinhar objectivos ambientais e sociais com instrumentos de mercado.
Inovação, risco e propósito: conselhos aos jovens
No encerramento da sessão, Jorge Familiar partilhou reflexões pessoais dirigidas aos jovens presentes. Destacou que o sucesso deve ser definido por cada um e não pelas expectativas alheias, e que é essencial encontrar significado naquilo que se faz. “Nem sempre farás o trabalho dos teus sonhos, mas podes sempre apaixonar-te pelo que fazes ou procurar algo que te inspire verdadeiramente”, aconselhou.
“Este é o futuro das finanças: retorno financeiro aliado a impacto real e mensurável“
Sublinhou ainda o papel do risco e da iniciativa individual: “A sorte só acontece se estiveres presente e disposto a aproveitar as oportunidades.”
Inclusão digital no centro das prioridades
A sessão terminou com perguntas do público, incluindo uma sobre como garantir que as inovações digitais são acessíveis aos jovens e empreendedores. Familiar respondeu que o Banco Mundial está comprometido em assegurar que estas tecnologias não criam novas desigualdades, mas ampliam as oportunidades, sobretudo nos países em desenvolvimento.
Texto: Nário Sixpene