A companhia aérea angolana TAAG anunciou nesta terça-feira, 20 de Maio, o reforço das ligações aéreas para as principais rotas regionais, com voos adicionais para a cidade de Maputo, em Moçambique, Cidade do Cabo e Joanesburgo, na África do Sul, e Brazzaville, na República do Congo.
Através de uma nota, a transportadora explica que esta decisão visa oferecer maior flexibilidade, conveniência e conectividade aos passageiros, respondendo ao crescimento da procura nestes destinos, facilitando conexões e viagens de lazer ou negócios entre a África Austral e Central.
Em termos específicos, para a capital moçambicana, a TAAG passa, a partir de 4 de Junho, a oferecer cinco frequências semanais, mais uma do que anteriormente, com voos às terças, quartas, quintas e sextas-feiras e domingos.
Para a Cidade do Cabo, passará de nove para dez frequências semanais, com dois voos por dia, às quartas e sextas-feiras e domingos. Já para Joanesburgo aumentará de sete para nove ligações, com voos realizados também duas vezes ao dia, às quintas-feiras e sábados.
O documento, citado pela Lusa, avança que para a capital do Congo, Brazzaville, vão existir três frequências semanais, com voos às segundas e quintas-feiras e sábados. “Este plano insere-se no processo de optimização da rede e de expansão da companhia, com um impacto em sectores como o turismo, desenvolvimento da economia local e intercâmbio cultural”, conclui.
Esta decisão surge numa altura em que o sector aéreo em Moçambique se encontra em “colapso” devido à situação financeira da principal transportadora nacional, que enfrenta uma crise sem precedentes. Há vários anos que a Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) enfrenta problemas operacionais relacionados com uma frota reduzida e falta de investimentos, com registo de alguns incidentes, não fatais, associados por especialistas à deficiente manutenção das aeronaves.
Dados apontam que, só em 2021, a LAM registou um prejuízo de mais de 1,4 mil milhões de meticais (21,7 milhões de dólares), em 2022 com 448,6 milhões de meticais (6,9 milhões de dólares), em 2023 com 3,9 mil milhões de meticais (60,5 milhões de dólares) e em 2024 com registo de 2,2 mil milhões de meticais (34,1 milhões de dólares).

Suspensão de voos regionais
Em Fevereiro, a LAM anunciou a suspensão imediata da rota Maputo-Lisboa. A medida foi justificada pelos elevados prejuízos acumulados, que ultrapassavam os 21 milhões de dólares (1,3 mil milhões de meticais) desde a sua inauguração. O transporte era assegurado por um Boeing 777 de 302 lugares, resultante de uma parceria com a operadora EuroAtlantic.
Em Abril, a LAM anunciou a suspensão de voos directos para a Cidade do Cabo, na África do Sul, com objectivo de “optimizar a rentabilidade e eficiência de gestão”. Foi também suspensa a rota Maputo-Harare-Lusaka, que gerou perdas de 307 mil dólares (19,6 milhões de meticais).
Abandonada pela companhia por quase 12 anos, a rota Maputo-Lisboa foi retomada em Dezembro de 2023, na mesma altura em que a LAM se estreou na Cidade do Cabo. As duas rotas faziam parte do plano de revitalização da operadora moçambicana, após a sul-africana Fly Modern Ark (FMA) ter assumido a sua gestão para ajudar no processo de reestruturação.
Num dos seus encontros, o Executivo anunciou a alienação de 91% das acções do Estado na companhia aérea através de negociação particular. O valor estimado a ser arrecadado com a venda das acções do Estado, cerca de 130 milhões de dólares (8,3 mil milhões de meticais), deverá destinar-se à aquisição de oito novas aeronaves e à reestruturação da empresa.
O Executivo moçambicano comunicou que vai avançar com uma auditoria forense às contas da empresa referentes aos últimos dez anos, um processo que será concluído em menos de seis meses. Na sequência, uma fonte governamental admitiu ainda que será necessário, igualmente, “reduzir o número de trabalhadores” da companhia, dos actuais cerca de 800, devido à frota reduzida.