O director-geral sénior do Banco Mundial, Axel van Trotsenburg, apelou, na segunda-feira, 19 de Maio, a uma acção concertada da juventude global no arranque da Cimeira da Juventude 2025 (WBG Youth Summit 2025), sublinhando a importância de transformar o idealismo em intervenções concretas face aos actuais desafios globais.
Durante a sua intervenção, Van Trotsenburg defendeu a construção de uma “coligação global” de jovens comprometidos com o desenvolvimento sustentável e inclusivo, alertando para a necessidade de colaboração contínua e mobilização conjunta. “Precisamos de trabalhar em conjunto e canalizar o idealismo para objectivos concretos”, afirmou.
Desemprego juvenil como prioridade global
O responsável destacou o elevado desemprego juvenil, sobretudo em países em desenvolvimento e no continente africano, considerando “inaceitável” que milhões de jovens enfrentem um futuro sem perspectivas. Este cenário, afirmou, deve ser entendido como um alerta à comunidade internacional.
“O desemprego juvenil é um problema estrutural com implicações sociais e económicas. Não é apenas uma estatística, é uma questão de justiça social e de coesão futura”, frisou, sublinhando que os jovens são “o dividendo do futuro” e devem estar no centro das políticas de desenvolvimento.
“Precisamos de trabalhar em conjunto e canalizar o idealismo para objectivos concretos“
Inovação e escalabilidade como eixos de actuação
Van Trotsenburg incentivou os jovens a propor ideias ousadas e disruptivas, salientando que mesmo propostas inicialmente consideradas irrealistas podem, com perseverança, gerar impacto real. “Algumas ideias podem parecer improváveis, mas são essas que muitas vezes produzem as maiores mudanças. Não se autocensurem”, reforçou.
Realçou ainda a importância da escalabilidade das soluções: “Precisamos de intervenções que possam ser replicadas em larga escala e que beneficiem centenas de milhões, ou até milhares de milhões, de pessoas. As boas ideias podem começar pequenas, mas devem ser pensadas com ambição global.”
Jovens como parceiros críticos no desenvolvimento
O discurso incluiu um apelo à participação crítica e activa dos jovens como “parceiros incómodos” das instituições internacionais. Van Trotsenburg incentivou os participantes a desafiar o status quo, a propor alternativas e a aproveitar as ferramentas digitais e tecnológicas para gerar impacto social.
“Algumas ideias podem parecer improváveis, mas são essas que muitas vezes produzem as maiores mudanças. Não se autocensurem“
“Não precisamos de jovens que nos digam apenas que tudo está bem. Precisamos de vozes críticas, informadas e empenhadas. A tecnologia por si só não resolverá os problemas; é o uso inteligente e ético que dela fizerem que fará a diferença”, declarou.
Sublinhou também que o sucesso no desenvolvimento exige compromisso contínuo: “Ter uma ideia não é suficiente. É preciso defendê-la, lutar por ela e demonstrar a sua viabilidade. Quando isso acontece, as pessoas ouvem.”
Multilateralismo, solidariedade e continuidade pós-cimeira
Na parte final do discurso, Van Trotsenburg reforçou a importância da cooperação internacional e do multilateralismo como pilares essenciais para o progresso comum. “A solidariedade importa. Nenhuma nação ou geração resolverá estes problemas sozinha”, disse.
Lembrou ainda que a cimeira deve ser apenas o ponto de partida para acções futuras e colaborações duradouras. “Esta cimeira não pode ser um evento isolado. Deve gerar novas redes, ideias e compromissos. E também deve ser um espaço onde os jovens possam divertir-se, conhecer-se e fortalecer as suas alianças.”
Texto: Nário Sixpene